Brasil

Clima faz o país pegar fogo

Em Minas, número de queimadas no ano é 130% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Em Tocantins, a Serra do Carmo vem sendo destruída há cinco dias

Daniel Antunes, Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial
postado em 12/08/2010 07:32
Belo Horizonte ; A combinação entre um inverno com temperaturas até cinco graus acima da média histórica e a estiagem prolongada faz arder em chamas as matas mineiras, levando o número de focos de incêndio no estado a mais que dobrar desde janeiro. A quantidade de queimadas no estado já é 136,6% maior neste ano, em comparação com o mesmo período de 2009, segundo monitoramento via satélite feito pelo Programa de Prevenção e Combate de Incêndios (Prev-Incêndio) do Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Ainda não computado nos dados do IEF, um incêndio de grandes proporções, controlado na terça-feira em Itajubá, no sul de Minas, a 447 quilômetros da capital, teria devastado mais de 400 hectares de vegetação rasteira. Por pouco, as labaredas não chegaram à Reserva Biológica da Serra dos Toledos, uma área de proteção ambiental que abriga nascentes e espécies exóticas de plantas.

Mesmo com o aumento dos focos de incêndio, as estatísticas deste ano ainda estão longe de superar 2007, considerado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) como o pior ano da década. Naquele ano, 35.107 hectares de florestas foram destruídos pelas queimadas, o que fez o governo de Minas Gerais desencadear uma série de ações de prevenção. Apesar dos trabalhos terem ajudado a reduzir o número de queimadas em 2008 para 20.325 hectares, os dados ainda foram considerados altos. No ano passado, 4.132 focos de calor consumiram 4.698 hectares de reserva verde. ;Apesar do período de estiagem compreender entre os meses de abril a outubro, agosto e setembro são os mais preocupantes, porque as temperaturas estão em elevação e a vegetação está seca por causa do período de estiagem;, avaliou Cláudia Melo, gerente do Prev-Incêndio.

Difícil acesso
Uma área de cerca de 10 mil hectares da Serra do Carmo, em Palmas (TO), está sendo destruída pelo fogo há cinco dias. As queimadas deixaram ontem a capital coberta de uma nuvem cinzenta. Além disso, o índice de umidade relativa do ar despencou para 11% nas horas mais quentes do dia. Homens da Guarda Metropolitana e brigadistas do Corpo de Bombeiros trabalham, com dificuldade, para conter os focos de incêndio, que já alcançaram o Parque Estadual de Lajeado, em Tocantins. A equipe quer evitar que as chamas avancem para a área urbana. A concentração de fumaça, somada à baixa umidade relativa do ar, fez com que as unidades de pronto atendimento médico registrassem o dobro de casos de problemas respiratórios.

Desde o início do ano, segundo o Ibama, já foram registrados 3,8 mil focos de incêndio no estado, o que faz com que Tocantins ocupe o segundo lugar no ranking nacional de queimadas. O município campeão é Formoso do Araguaia, onde há concentração de lavouras de arroz e de soja. Parte do Parque Nacional do Araguaia também está sendo destruída pelo fogo.

ACRE EM ESTADO DE ALERTA AMBIENTAL
; Com 246 focos de queimadas registrados ontem, o Acre está em alerta. De acordo com o governo local, a quantidade de focos cresceu 123% em comparação a 2008 e 587% em relação ao ano passado. O decreto de alerta ambiental, assinado pelo governador Binho Marques, seguiu recomendações do Comitê de Gestão de Riscos Ambientais. Até segunda ordem, estão proibidos desmatamentos e queimadas no estado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os satélites registraram ontem, em todo o país, 12.629 focos de queimadas.

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