Diário de Pernambuco
postado em 21/08/2010 21:19
A polícia do Rio de Janeiro identificou como Adriana Medeiros a mulher morta durante uma troca de tiros entre bandidos e policiais no bairro de São Conrado na Zona Sul da cidade. De acordo com a polícia, Adriana seria integrante da quadrilha e teria inclusive um mandado de prisão por assalto. Na fuga da polícia, o grupo invadiu o Hotel Intercontinental e chegou a fazer 35 reféns, entre hóspedes e funcionários. Dez bandidos se entregaram depois que a polícia cercou o local. Segundo o porta-voz da PM, o coronel Lima Castro, com os homens foram apreendidos oito fuzis, cinco pistolas, munição, granadas e rádios. ;Não restava outra alternativa aos marginais, vendo a movimentação da polícia no entorno;, disse Castro. A polícia continua no local, fazendo a identificação de hóspedes e funcionários para garantir que nenhum suspeito permanece escondido no hotel.Ainda segundo o tenente Castro, os suspeitos moram do Morro do Vidigal, mas acredita-se que eles na verdade são da Rocinha e apenas voltavam de um baile no morro vizinho, quando foram flagrados pela polícia. O tiroteio teria começado quando eles cruzaram, em vans e motocicletas, com policiais. Castro disse que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) está no local, assim como o Batalhão de Choque e reforços dos 22; BPM e do 23; (Maré). Além da mulher morta no tiroteio, dois policiais ficaram feridos, sem gravidade.
O cientista político Luiz Eduardo Soares, ex-secretário nacional de Segurança Pública e morador de São Conrado, relatou à Rádio CBN a manhã de horror vivida no bairro da Zona Sul, onde houve intensa troca de tiros entre bandidos e policiais. O maior susto, segundo ele, foi ouvir de tão perto o estouro das balas, que geralmente são disparadas dentro da Favela da Rocinha. A confusão começou às 8h15, quando homens armados voltavam de uma festa no Morro do Vidigal e cruzaram aleatoriamente com viaturas policiais.
;Isso abriu um grande confronto em plena luz do dia, só que dessa vez o palco foi o asfalto, a parte nobre do bairro. Os condomínios viraram arena de conflito. A confusão envolveu grupos que normalmente não testemunham a selvageria. Os tiros não eram mais aqueles estampidos distantes que costumamos ouvir na Rocinha. Pareciam tiros dentro de casa. Com as paredes vibrando, nos demos conta de que estávamos no centro do tiroteio;, declarou.
Soares contou que ouviu várias sequências de tiros num período de 40 minutos. Segundo ele, os motoristas que circulavam no bairro começaram a andar de marcha a ré, e os carros escoaram por vias laterais ou foram abandonados. Os pedestres se jogaram no chão. Às 9h30m, as ações dos bandidos se concentraram no Hotel Intercontinental, onde eles se refugiaram e fizeram pelo menos 35 reféns. O cientista político criticou com veemência o acesso indiscriminado a armas na cidade.
;Esse acesso às armas é inconsequente e irresponsável. Nós precisamos de ações para libertar a sociedade desse mar de armas ilegais, pois continuamos expostos a confrontos aleatórios e arbitrários. Essa deveria ser a prioridade. É completamente inadmissível que um grupo de homens armados de fuzis e granadas circulem pela cidade impondo o terror;.
Na sua avaliação, o episódio mostra que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) são apenas de ilhas de excelência: ;Nesse momento, há uma esperança renovada pelas UPPs. Então, compartilhávamos a ilusão de que já vivíamos outro capitulo no Rio, virando a página do horror. Isso revela que essas UPPs são só ilhas de excelência num oceano de barbárie que permanece ativo;. Luiz Eduardo Soares lamentou ainda a mancha que o episódio deixa na imagem da cidade e do país, que se prepara receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas.