Brasil

Depois do tiroteio em São Conrado (RJ), polícia aumenta contigente na região

Até a noite de ontem, o hotel invadido por bandidos havia registrado 73 desistências

postado em 23/08/2010 08:30
O dia seguinte ao tiroteio entre bandidos e policiais em São Conrado, Zona Sul do Rio de Janeiro, foi marcado pela forte presença do policiamento nas ruas do bairro e nas favelas do Vidigal e da Rocinha. Na manhã de ontem, o medo causado pelo episódio que deixou uma pessoa morta e outras seis feridas, foi deixado de lado durante a Meia Maratona Internacional do Rio, disputada em clima de tranquilidade. A largada foi dada a poucos metros do Hotel Intercontinental, local invadido depois da troca de tiros por dez traficantes, que fizeram 35 reféns.

A invasão a um dos mais luxuosos hoteis do Rio espantou clientes do estabelecimento. Segundo a assessoria de imprensa do Intercontinental, 73 desistências foram registradas até o começo da noite de ontem, entre cancelamentos de reserva e saídas antecipadas. ;O funcionamento do hotel está absolutamente normal e os funcionários, inclusive alguns dos que foram feitos reféns, estão trabalhando normalmente;, disse Roberto Falcão, assessor do hotel, lembrando que durante todo o dia de ontem havia um carro da polícia em frente ao prédio.

O confronto entre a PM e criminosos mais uma vez colocou em xeque a segurança do Rio de Janeiro, cidade que vai ser sede da final da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Uma das suspeitas levantadas é de que policiais teriam planejado uma operação não autorizada, cujo objetivo seria prender o traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, vulgo Nem, apontado como o líder do tráfico da Rocinha. A polícia não confirma a hipótese, mas admite que Nem pode ter fugido durante a troca de tiros.

O grupo formado por cerca de 50 bandidos, distribuídos em vans, motos e carros, saiu de uma festa no Vidigal na manhã de sábado. Os traficantes percorreram apenas dois quilômetros na Avenida Niemeyer, antes de serem surpreendidos por policiais, na Avenida Aquarela do Brasil, em São Conrado. O tiroteio assustou os moradores e fez motoristas e passageiros abandonarem carros e ônibus em busca de abrigo para fugir do fogo cruzado. A maioria dos bandidos fugiu em direção à Rocinha, mas 10 deles correram na direção contrária e invadiram o hotel. A mulher foi identificada como Adriana e tinha 41 anos, segundo a polícia, seria ligada ao tráfico de drogas.

Cerca de 200 homens da PM cercaram o Intercontinental. Foram quase três horas de negociação até que os dez bandidos se entregassem e libertassem os reféns. Ontem de manhã, nove deles foram transferidos da delegacia da Gávea para o Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste. Entre eles, está o traficante ;Perna;, apontado pela polícia como o segundo na hierarquia do tráfico de drogas da Rocinha. O outro suspeito de ter invadido o hotel era menor de idade e foi levado para o centro de internação da Ilha do Governador. Com os criminosos, foram encontrados oito fuzis, cinco pistolas, além de granadas, munição e rádios. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio, todos, com exceção do menor, serão indiciados por associação para o tráfico, sequestro, cárcere privado e porte ilegal de armas.

Hospitais monitorados
Segundo a PM, um dos traficantes feridos no tiroteio usou uma ambulância que estava na Favela da Rocinha para tentar fugir da polícia. Ele foi internado no Hospital Getúlio Vargas, no bairro da Penha. O coronel Antônio Jorge, comandante do 16; Batalhão da PM, disse que a polícia monitorou os hospitais de toda a capital fluminense, depois de receber a informação de que a maior parte dos bandidos envolvidos na troca de tiros tinha conseguido escapar.

;Sabíamos que alguns feridos no episódio procurariam socorro em hospitais particulares e públicos e passamos a monitorá-los. Esse suspeito, conhecido como Sapatinho da Rocinha, foi encontrado no hospital Getúlio Vargas. Ele roubou uma ambulância para sair da Rocinha;, detalhou.

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