postado em 26/08/2010 07:00
; Diogo MartinsO ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes e seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, serão transferidos hoje pela manhã para o Rio de Janeiro, onde ficarão presos por 30 dias, durante o julgamento do processo em que são acusados de sequestrar e agredir Eliza Samudio, em outubro do ano passado (leia memória). A primeira audiência do processo começa às 14h, no Fórum da Taquara, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Depois de 50 dias detidos na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), Bruno e Macarrão deverão chegar ao Aeroporto Santos Dumont, no centro da capital fluminense, às 11h. Em seguida, serão levados por agentes da Polinter ao fórum, onde ficarão em celas, aguardando o início da audiência. Após a sessão, os acusados serão encaminhados ao presído Bangu II, também na Zona Oeste, onde ficarão proibidos de receber visitas. ;Essas medidas são adotadas em todos os casos de presos provisórios que ficam em unidades prisionais desta secretaria com o intuito de manter a integridade física deles, uma vez que estes apenados não cumprem pena em nosso sistema;, afirmou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), em nota.
Na primeira audiência do processo, o juiz Marco José Mattos deverá ouvir cinco testemunhas de acusação convocadas pelo promotor do Ministério Público Eduardo Paes. Bruno e Macarrão também prestarão depoimento. Os selecionados pelo advogado Ércio Quaresma para falar em defesa dos acusados ainda não têm data para depor. A favor de Bruno, deverão comparecer ao tribunal cinco pessoas, entre as quais a presidente do Flamengo, Patricia Amorim, o diretor executivo do clube, Zico, e o jogador Leonardo Moura. As testemunhas de Macarrão são oito.
Ércio Quaresma havia pedido também os depoimentos dos atletas Adriano e Vágner Love, além da vítima, Eliza Samudio ; que teria sido morta, com a participação dos dois, em Minas Gerais ;, cuja convocação foi negada pela Justiça. ;Temos o direito de ouvir o Adriano e o Vágner Love. Eles têm algo a dizer, porque foram companheiros de clube do Bruno. Se tem político, em processo de cassação, podendo trazer testemunhas do exterior, por que nós não podemos? Vamos pedir ao tribunal que cumpra a Constituição Penal. A Constituição da República é maior que a do Rio de Janeiro;, argumentou.
A última vez em que o advogado esteve com Bruno foi há cerca de 10 dias. Na ocasião, o goleiro pareceu abatido, segundo Quaresma, em razão do tempo pelo qual está preso. A respeito da inocência do jogador no caso sobre o desaparecimento de Eliza, o advogado, mais uma vez, afimou não haver crime. ;São três pontos: não há cadáver, atestado de óbito ou relatoria de necrópsia. Então, por direito civil, enquanto não houver essas três coisas, não tem morte;, disse.
Memória
Não faltam acusações
Antes de se tornarem, em julho deste ano, os principais suspeitos do desaparecimento e da morte da paranaense Eliza Samudio, o então goleiro do Flamengo Bruno Fernandes e o amigo dele Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, já tinham seus nomes envolvidos em outro inquérito policial. Em 13 de outubro do ano passado, a modelo registrou queixa contra ambos na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. No Boletim de Ocorrência, eles eram acusados de mantê-la em cárcere privado, de tê-la obrigado a tomar medicamentos para abortar um filho que seria do goleiro e de tê-la espancado. Bruno negou todas as acusações e disse que Eliza estava em busca dos seus ;15 minutos de fama;. À época, a modelo tentava provar na Justiça que o jogador era o pai do filho que ela esperava.
O laudo do exame feito pelo Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro para detectar substâncias abortivas na urina da ex-amante do goleiro só foi divulgado quando ela já era considerada morta, em julho deste ano. Desde então, Bruno e Macarrão estão presos ; agora na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais ;, acusados de sequestrarem e matarem Eliza Samudio. A temporada na capital fluminense será para que os dois acompanhem o julgamento do processo referente às acusões feitas pela paranaense em 2009.