postado em 28/08/2010 15:18
A inauguração do primeiro centro de microcirurgia reconstrutiva e de cirurgia de mão do país este mês, na capital paulista, não é suficiente para atender a demanda da população por esse tipo de cirurgia, disse o médico ortopedista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Rames Mattar Junior.;Deveria existir um centro - como este que formamos agora para atender pacientes vítimas de traumas graves na mão - a cada 2 milhões de habitantes. Em São Paulo, por exemplo, deveriam haver dez centros estrategicamente distribuídos para atender a demanda e nós estamos formando o primeiro;, lamentou o médico, em entrevista à Agência Brasil.
O centro já vem funcionando no Hospital das Clínicas há pouco mais de dois meses. Segundo o médico, ainda não foi feito um balanço no número de atendimentos, mas estimou que este mês tenham sido feitas cerca de 40 cirurgias de alta complexidade, com duração entre seis e dez horas cada uma.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, com a inauguração do centro, a equipe de seis médicos do grupo de mão do Hospital das Clínicas (HC) ganhou um reforço de mais 25 profissionais especializados e uma sala inteiramente equipada para atender casos de reimplante, amputações, fraturas expostas graves associadas à perda do revestimento cutâneo e lesões de nervos periféricos.
;A pessoa sofre uma amputação no Brasil e não sabe nem para onde ir porque esses centros não estão estabelecidos. Queremos demonstrar para a sociedade e para os gestores de saúde da absoluta necessidade de criar centros como esse do HC para atender os pacientes. E isso vai trazer um impacto econômico positivo, inclusive ao país, porque devolve ao paciente uma vida normal;, disse o médico Rames Mattar Junior.
De acordo com ele, São Paulo vive hoje uma ;epidemia grave de traumas complexos;, devido ao aumento na quantidade de acidentes de trânsito e no trabalho, principalmente por causa da economia informal. ;A quantidade de acidentes com motocicletas na cidade de São Paulo e com fraturas expostas é uma epidemia. E temos uma população da Argentina no Brasil trabalhando na economia informal. E são máquinas de fundo de quintal que provocam lesões graves. Há um caos social em termo de trauma e algo precisa ser feito, não apenas na prevenção, mas tem que se preparar hospitais públicos para atender as pessoas que são menos favorecidas;, disse.