Estado de Minas
postado em 05/09/2010 14:36
A Polícia Civil realizou durante a madrugada deste domingo os trabalhos de investigação sobre o assalto à Embraforte, no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, em que uma quadrilha levou mais de R$ 45 milhões dos cofres da empresa. Até o início da tarde deste domingo, nenhum suspeito havia sido encontrado. Segundo o chefe do Departamento de Investigações de Crime Contra o Patrimônio, Islande Batista, as vítimas do assalto foram ouvidas e perícias foram feitas no sítio em Ribeirão das Neves. Há grandes possibilidades de os assaltantes serem de outro estado, mas nada ainda pode ser confirmado pela polícia.Um planejamento rigoroso, uso de táticas militares e armamento de guerra foram as estratégias da quadrilha formada por, pelo menos, 20 pessoas assaltou a empresa. O montante levado pode chegar a R$ 50 milhões, uma vez que os bandidos carregaram vários malotes com as boletas que poderiam comprovar os valores exatos contidos em cada sacola.
A quadrilha sequestrou, na noite de sexta-feira, o tesoureiro, o chefe de segurança e o chefe de administração da empresa, junto com familiares deles, e levaram todos para um sítio alugado em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Os reféns passaram toda a madrugada de sábado em poder do grupo e pela manhã foram levados até a empresa para entregar a quantia. A Embraforte havia abastecido os cofres e o dinheiro seria transportado para caixas eletrônicos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal durante o feriado de 7 de setembro.
Sítio
Uma área de sítios, ao longo da Rua Filadélfia, no Bairro Fortaleza, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi o local perfeito para a quadrilha que atacou a transportadora Embraforte usou como base de execução do maior assalto já registrado no estado. A dona da imobiliária que negociou o aluguel do imóvel para o fim de semana, chegou a oferecer sua belíssima casa na orla da Lagoa da Pampulha para o bandido, que disse preferir comemorar o aniversário de filho em um local sossegado. Mas, ao contrário de festa infantil, uma única criança foi levada para o imóvel: o filho do chefe de segurança da transportadora, que ganhou refrigerante e pizza no cativeiro, antes de ser ameaçado com uma faca e com uma granada.
Por volta das 8h, o casal proprietário do sítio foi informado de que os inquilinos do feriadão eram na verdade um grupo criminoso. Um vizinho, que também acabou refém dos bandidos, conseguiu se libertar e deu o alerta. Já era tarde, pois os cofres da Embraforte estavam vazios. Policiais militares foram comunicados da ação criminosa pela mulher de um outro refém que escapou. Quando chegaram, o imóvel estava vazio.
Veja os passos do assalto milionário
Às 9h30, o dono do sítio chegou ao local, com a cópia do contrato de locação. ;Encontramo-nos nosso vizinho e ele nos disse que chegava em sua casa, nos fundos de nossa propriedade, quando foi atraído por um dos bandidos, que dizia ter problemas com a luz. Ele foi rendido, teve as mãos amarradas com uma presilha de plástico e colocado junto ao casal a criança e outros dois homens, que trabalham na transportadora;, contou.
O perito Helber Dornes, da Delegacia Regional de Ribeirão das Neves, disse que no imóvel foram recolhidos vários vestígios que serão analisados e podem ser importantes nas apurações. Os peritos fizeram levantamentos também na perua Kombi, placa GTJ 2014, que os bandidos abandonaram no local, depois de arrebentada a correia do alternador. Na perua, em que os bandidos estamparam material de campanha política, foram colhidas várias impressões digitais.
;Na sexta-feira, quando o homem veio pegar a chave do sítio, por volta das 16h, ele chegou num carro prata, que seria um Toyota Corolla. Ele disse que seus parentes estavam a caminho, para preparar os enfeites da festa do filho. Falei que pela manhã a empregada iria jogar água nas plantas, mas ele, de forma gentil, sugeriu que a deixasse de folga, pois seu pai, um senhor de idade, iria gostar muito de fazer tal tarefa;, relatou a dona do imóvel.
O marido dela chamou atenção para uma curiosidade na documentação de locação. O comprovante de endereço apresentado pelo criminoso, uma conta de luz, tinha o nome de uma rua que não existe no Centro de Belo Horizonte. A cópia do contrato foi recolhida pela polícia para exame grafotécnico. Vizinhos do sítio, que disseram ter ouvido grande movimentação de veículos durante toda a madrugada, devem ser ouvidos como testemunhas nos próximos dias. Para a polícia, qualquer pista pode ajudar a identificar o bando.