postado em 16/09/2010 08:34
Um grupo de três funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Brasília e três consultores contratados foram feitos reféns de caciques da etnia Potiguara no município de Baía da Traição, litoral norte da Paraíba. Na tarde de ontem, os três profissionais sem ligação direta com o órgão conseguiram ser liberados, mas os servidores continuam em poder das lideranças indígenas, que prometeram soltá-los apenas depois que a cúpula da Funai for ao local para discutir a medida de reestruturação do órgão, baixada no fim do ano passado. Apesar do desconforto de não poder sair da aldeia, Gabriella Guimarães, técnica da Coordenadoria-Geral de Monitoramento Territorial e uma das detidas, conta que todos estão bem acomodados em uma sala de aula durante o dia e na casa de um dos caciques à noite.Gabriella e os outros dois funcionários ainda mantidos na aldeia foram até Baía da Traição para apresentar uma proposta de diagnóstico etnoambiental e um plano de gestão de terras para os potiguaras. ;No meio da reunião, eles começaram a apresentar reivindicações relacionadas à reestruturação da Funai, que estaria prejudicando os repasses de recursos e de materiais, devido à centralização orçamentária na coordenação do Ceará. Explicamos que esse assunto não era com a gente. Então eles disseram que iriam nos levar para a aldeia para fazer pressão;, conta Gabriella. É aguardada para amanhã a ida de dois funcionários da Funai de Brasília para lá, a fim de resolver a situação.
Por meio da assessoria de imprensa, a Funai afirmou que não há reféns, mas que o grupo está reunido na aldeia para ;ouvir as reivindicações dos índios;. Sobre a impossibilidade de a equipe retornar ao hotel à noite, não houve resposta. Ninguém soube explicar oficialmente o que está ocorrendo. A reestruturação da Funai, desde que foi publicada sem que houvesse uma consulta aos índios, modificou as estruturas de atendimento nas aldeias e as operações de assistência, motivando várias manifestações.