Brasil

Morador de BH, vítima de assaltos em casa, protesta com faixas

postado em 17/09/2010 21:00
Thobias Almeida
Estado de Minas



;Caro ($) Ladrão, na penúltima vez que você esteve aqui limpou minha casa. Ainda não consegui dindin para repor o que você levou. Quando comprar tudo de novo, aviso;. Estas palavras representam a indignação de Isaías José Ramos de Oliveira, 26 anos, morador da Região da Pampulha, em Belo Horizonte (MG). Ele estampou o protesto em uma faixa depois de ter a casa invadida por ladrões duas vezes em menos de uma semana.

;Fiz isso com certo humor e um pouco de ironia para tratar uma questão importante: A falta de investigação dos roubos que ocorreram no Vila Clóris nos últimos meses;, explica Oliveira. Ele criticou a falta de empenho da polícia em apurar os crimes. ;No geral, somos ignorados. As forças de segurança não nos dão atenção;, critica o morador.

Em 9 de setembro, por volta de 13h, dois homens entraram na residência e levaram duas televisões de plasma, um notebook, um computador de mesa, uma máquina fotográfica e jóias, causando um prejuízo total de cerca de R$ 9 mil. Seis dias depois, os bandidos retornaram para uma nova ;visita;. Só não contavam com o sistema de segurança instalado no dia anterior, que os afugentou.

Segundo Oliveira, os ladrões são os mesmos, segundo relatos de vizinhos que os viram, mas que não desconfiaram de nada. ;Eram dois homens, mais velhos, bem vestidos. Da primeira vez estavam em um Escort SW vinho, com placa fria. Eles chegam, tocam a campainha insistentemente e quando percebem que não há ninguém entram;, relata. Ele acrescenta que os bandidos portavam uma autorização de mudança falsa para não levantar suspeitas. Eles tentaram aplicar o mesmo procedimento em casas vizinhas.

Porém, a insegurança na rua não foi despertada somente por esse caso. Vários moradores contaram que tiveram as residências roubadas. ;Há cerca de dois meses, fizeram a mesma coisa comigo. Tocaram a campainha, viram que não tinha ninguém, tiraram o portão do trilho e entraram;, relata o aposentado Aurélio Magalhães, de 62 anos, que vive há 25 no local. O prejuízo chegou a R$ 10 mil. Ousados, os criminosos agiram em plena luz do dia, entre 11h30 e 12h30. ;A coisa piorou de um ano para cá. Estamos inseguros. Gostei muito da faixa, ela mexe com quem interessa, as autoridades;, afirma.

Prejuízo e pânico

A aposentada Luiza Helena Ataíde, que mora no local há 30 anos, foi outra vítima. Há pouco mais de um mês seu lar foi alvo de uma ação que deixou um prejuízo de R$ 10 mil. ;Aqui, a gente não pode mais sair de casa;, desabafa. Ela conta que, além do roubo, no dia 31 de dezembro de 2009 ela foi rendida na Rua Maritacas e acabou vítima de um sequestro relâmpago. ;A situação piorou muito no último ano. Aqui era um lugar tranquilo;, relembra a aposentada.

Enquanto a reportagem ouvia os relatos do moradores, a Polícia Militar (PM) chegou ao local. O tenente Reginaldo Saldanha, do 13; Batalhão, disse que entende a colocação da faixa, mas não concorda com o protesto. ;Isso acaba dando credibilidade aos marginais, parece que a polícia não está atuando;, explica.

É exatamente essa a sensação de quem teve seus bens roubados. ;Eu fiz tudo que podia para me proteger. Será que a policia fez?;, questiona Oliveira. O vizinho Aurélio Magalhães informou que chegou a enviar para os policias imagens dos bandidos que lhe roubaram, captadas por câmeras de segurança de casas próximas. No entanto, até ontem, nem sinal deles. ;Fica tudo por conta do cidadão. É uma tristeza;, afirma Magalhães.

A maioria das casas na rua se precaveu. No número 150, o investimento já confirmou sua eficácia. Alarme, cerca elétrica, câmeras, reforço no portão eletrônico e vigia noturno, um custo total de R$ 2,2 mil, segundo Oliveira. Luiza Ataíde foi outra obrigada a enfiar a mão no bolso para evitar futuros prejuízos. Seu sistema de segurança custou cerca de R$ 3 mil. Aurélio Magalhães gastou R$ 2,5 mil para se sentir mais protegido. ;De qualquer maneira, é uma dificuldade muito grande. Estou sem paz;, resume o aposentado.

Segundo o tenente Saldanha, a PM, ao detectar uma área classificada como ;zona quente de criminalidade;, caso da região da Rua Maritacas, aumenta as rondas na localidade. ;Vamos patrulhar com mais intensidade. Além disso, precisamos do auxílio dos cidadãos que virem algo. Eles devem avisar a polícia quando suspeitarem de algo;, aconselha o policial.

Oliveira ainda não decidiu se manterá a faixa. Ele teme pela segurança de sua família e a própria. O morador fez questão de ressaltar que não quis atacar a polícia em seus dizeres. ;Estou tentando alertar Belo Horizonte sobre a situação, que não está tão boa assim. O que realmente está sendo feito? Isso pode fomentar discussões;, espera o cidadão.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação