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Mulher de 300kg morre porque ficou 12 horas aguardando atendimento no RJ

Doze horas de espera, dentro de uma ambulância, foram fatais à dona de casa Sebastiana Pinheiro da Silva, de 65 anos. Ex-enfermeira da Cruz Vermelha, Sebastiana pesava cerca de 300 quilos ao morrer, na madrugada de ontem, com um diagnóstico de choque cardiogênico. O choque foi causado por uma insuficiência cardíaca, agravada por uma hemorragia digestiva e pelo quadro de obesidade mórbida. O falecimento ocorreu após uma terceira internação na rede pública de saúde do Rio de Janeiro, desde a última quinta-feira. No primeiro atendimento, feito na Policlínica de Tanguá, localizada a 65km da capital, um médico teria informado à família que a unidade não tinha condições de receber a paciente, nem contava com medicamentos disponíveis para tratá-la. A paciente chegou na policlínica por volta das 22h de quinta e passou a madrugada na ambulância, antes de ser transferida. O subsecretário de Saúde de Tanguá, Osmar Siqueira, afirmou que a secretaria iria criar uma comissão para apurar a falta de atendimento.

Sebastiana morreu às 4h30, no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo (RJ). A entrada da paciente na unidade ocorreu na sexta-feira, às 14h. Naquele mesmo dia, no entanto, Sebastiana já havia sido internada, às 9h30, no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói ; onde chegou a ser submetida a um exame de endoscopia, em função da hemorragia digestiva. A segunda unidade onde a paciente conseguiu atendimento está distante 60 km do município de Tanguá.

Tanguá
Na última sexta-feira, o subsecretário de Saúde afirmou que a família da paciente não permitiu que ela fosse retirada da ambulância. O genro de Sebastiana confirmou que os parentes impediram a retirada, mas por recomendação do próprio médico da Policlínica que fez o atendimento inicial. A Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec) do Rio de Janeiro disponibilizou a estrutura do Corpo de Bombeiros para providenciar o translado do corpo ao cemitério. Duas covas e uma urna especial também foram disponibilizadas para a família. A dona de casa seria enterrada às 16h30 de ontem, no Cemitério do Pacheco, em São Gonçalo (RJ).

Em agosto, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro reforçou o direito ao atendimento digno do cidadão. Por meio de uma nota, a secretaria solicitou que, ;no intenso processo de buscar a melhoria nas condições de trabalho dos profissionais de saúde e um atendimento mais digno e atencioso aos pacientes, todo o cidadão que não tiver seus direitos respeitados, se reporte à direção da Unidade de Saúde;. Na nota, a secretaria ainda pede o contato do cidadão, apenas pelo e-mail .