postado em 01/10/2010 08:10
São Paulo ; A Justiça de São Paulo condenou ontem, em segunda instância, o jornalista Antônio Pimenta Neves a pagar uma indenização de R$ 400 mil aos pais de Sandra Gomide, sua ex-namorada, que foi assassinada por ele a tiros em 2000. Os advogados do jornalista já informaram que vão recorrer.Os pais de Sandra, Leonilda Florentino, 74 anos, e João Florentino Gomide, 72, deverão receber R$ 200 mil cada. Os advogados do casal haviam pedido R$ 165 mil para os dois, mas a Justiça determinou o valor já acrescido de juros e correções monetárias. A indenização será paga a título de danos morais ocasionados ao casal de idosos pelo crime.
A decisão pelo pagamento já havia saído na semana passada, quando a Câmara Especial do Tribunal de São Paulo havia condenado o jornalista com dois votos. No entanto, o terceiro desembargador pediu vista do processo e deu seu voto na manhã de ontem. Na sessão, ele propôs que o valor ficasse em R$ 110 mil para o pai e para a mãe porque, com a correção e os juros desde a época do crime, chegaria à quantia de R$ 400 mil para o casal.
Segundo o advogado do casal, Fábio Barbalho Leite, os dois não esboçaram qualquer reação ao saber da decisão por conta dos efeitos dos medicamentos que tomam para controle da depressão e da ansiedade. ;Eles estão muito doentes. Desde que a filha foi morta brutalmente, eles praticamente deixaram de viver;, conta Leite.
Já o advogado de defesa de Pimenta Neves, José Alves de Brito Filho, classificou a decisão de ;absurda;, pois, segundo ele, seria como se uma dor pudesse ser aliviada com dinheiro. Ele alegou ainda que seu cliente está tão transtornado quanto os pais de Sandra. ;O pedido que a família faz é fora dos parâmetros, esse patamar não tem nenhum precedente. Eu acho um valor muito alto, essa será a razão do meu recurso;, disse.
A mesma Justiça que determinou o pagamento de R$ 400 mil ao casal Gomide é motivo de críticas dos parentes de Sandra. O pai, João, disse nesta semana que a decisão que mantém Pimenta Neves solto é uma ;avacalhação;. Quando o assassinato de Sandra completou 10 anos, em agosto, tanto João quanto Leonilda estavam doentes. Segundo médicos, ela sofre de depressão severa por causa do trauma de ter perdido a filha.
Laudos assinados por psiquiatras entregues à Justiça atestam que Leonilda se dizia perseguida pela filha mesmo depois de morta. ;Ela acordava à noite, gritando, pedindo para Sandra deixá-la em paz. Depois saía correndo pela casa e se batia nos móveis. Se ela não tomar a medicação antes de dormir, tem pesadelos com Sandra;, conta João.
João diz que o dinheiro não alivia a dor, mas ajuda a reparar um dano moral. ;Acho que toda situação deve ter um limite. A nossa vida está em aberto há 10 anos. O que mais dói é o sentimento de impunidade;, diz o pai. O casal não visita o túmulo de Sandra há 9 anos.