postado em 05/10/2010 08:20
A prevenção à transmissão do vírus HIV acaba de receber uma nova orientação do Ministério da Saúde, nos casos de exposição por meio de relação sexual. Profissionais da rede pública de saúde de todo o país receberão um suplemento que inclui recomendações para abordagem da exposição sexual ao HIV. De acordo com a cartilha, eles poderão indicar uma terapia antirretroviral ; ou seja, um coquetel de prevenção ao vírus ; para pessoas que temem ter contraído HIV após a exposição sexual. Para conseguir o tratamento, no entanto, serão avaliados critérios como o tipo da relação e se o parceiro foi uma pessoa que tem o HIV ou se integra os chamados grupos de alta prevalência do vírus (veja o quadro ao lado). Até então, a prescrição de remédios que integram coquetéis de tratamento como uma forma de prevenção só era recomendada para os casos de violência sexual e para os profissionais de saúde contaminados em acidente de trabalho.O suplemento Tratamento e prevenção, lançado ontem, faz parte das Recomendações para Terapia Antirretroviral em Adultos Infectados pelo HIV ; 2008. Segundo o Ministério da Saúde, o suplemento será enviado ainda este mês para as secretarias estaduais e municipais e para os 737 Serviços de Atendimento Especializados (Saes) em HIV/Aids espalhados pelo país. Os profissionais ainda deverão receber capacitação para a utilização das novas recomendações. Isso porque, segundo o departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, as novas instruções não deverão se sobrepor à principal orientação para a prevenção da transmissão: a proteção por meio de barreira. ;Nós estamos indicando novas recomendações, mas a melhor forma de evitar a infecção sempre será o uso de camisinhas masculinas e femininas. Além disso, nem todos poderão ter acesso ao medicamento. Não basta fazer sexo sem camisinha para ter acesso à quimioprofilaxia (prevenção pelo uso de medicamentos);, afirma o assessor técnico do departamento, Ronaldo Hallal.
O suplemento indica que a medicação deverá ser recomendada , por exemplo, nos casos em que a pessoa exposta teve uma penetração anal por um parceiro soropositivo. A indicação varia de acordo com a exposição sexual e a situação do parceiro. Em casos em que o parceiro pertença à população de gays ou de homens que fazem sexo com homens (HSH), da qual 10,5% é diagnosticada com HIV; de usuários de drogas injetáveis (5,9% da população com vírus) ou de profissionais do sexo (5% da população com vírus), a indicação da medicação deverá ser recomendada ou, pelo menos considerada ; o que significa que o paciente deve ser mantido em observação por meio de exames.
Para o coordenador do Núcleo de Controle de Aids da Secretaria de Saúde do DF, Ricardo Azevedo, as orientações devem ser mais bem esclarecidas: ;Tínhamos a orientação de que, para essas pessoas receberem o medicamento, deveriam ter um relacionamento estável. O profissional deve saber exatamente como lidar, para não corrermos o risco de que as pessoas deixem de fazer o uso de preservativo por ter acesso à prevenção pelo medicamento;. O coordenador afirmou que os profissionais dos nove centros especializados do DF deverão contar com uma capacitação ainda este ano.
Será prescrita, para esses pacientes, uma combinação dos medicamentos zidovudina (AZT), lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF). Para ter efeito de prevenção, os medicamentos devem ser tomados, idealmente, nas primeiras duas horas após a relação sexual e no máximo após 72 horas da exposição. Diferentemente do tratamento de longa duração, o preventivo é realizado no período de 28 dias.
Ouça trechos da entrevista com o assessor técnico do Departamento de DST e Aids, Ronaldo Hallal