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Esse mês não foi como o que passou... desmatamento no Amazonas aumenta

Desmatamento na Amazônia Legal, em agosto, cai pela metade em relação ao mesmo período de 2009, mas sobe no Amazonas

postado em 09/10/2010 08:00

A área de proteção ambiental da Amazônia Legal perdeu 265km; em função de desmatamentos, apenas no mês de agosto. O governo federal, no entanto, anunciou a perda da vegetação natural de forma otimista. Isso porque, em comparação com o mesmo período de 2009, quando foram destruídos 498 km;, a taxa de desmatamento diminuiu 47%. Na região, o estado do Pará apresentou o maior índice de desmatamento (599,13km;), apesar de o número se encontrar em queda de 53% ; em 2009, a área perdida foi superior a 1,2 mil km;. De todos os estados que compõem a região, o único em que foi observado aumento do desmatamento foi o Amazonas, que elevou a taxa em 26%.

As informações foram divulgadas ontem, pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), de acordo com levantamento feito pelo Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter). A ministra Izabella Teixeira exaltou os números, afirmando que o país confirmava um ;padrão sustentável de redução do desmatamento;: ;São dados reveladores, uma consequência das ações realizadas em conjunto por órgãos como o MMA, o Ibama e a Polícia Federal;. Questionada sobre a situação do Amazonas, a ministra não soube informar os motivos do crescimento do desmatamento na localidade: ;Estamos querendo entender se é uma nova vertente de desmatamento, ou se é uma nova ocupação de território;, disse.

Para o coordenador-geral de Zoneamento e Monitoramento Ambiental do Ibama, George Ferreira, a queda do desmatamento deve-se à mudança da ;doutrina de fiscalização; conduzida no país, efetivada a partir da publicação do Decreto 6.514, em julho de 2008. ;A estratégia é descapitalizar o infrator. Além das multas, estamos apreendendo grande quantidade de soja, madeira, e até gado de quem está desmatando;, disse. De acordo com o órgão, foram aplicadas no Brasil, de janeiro até ontem, R$ 1,1 bilhão em multas, relativas a 4.809 autos de infração aplicados por crimes contra a flora.

A principal consequência para a diminuição do desmatamento, segundo o coordenador de zoneamento, é a melhoria dos índices de emissão de gases de efeito estufa. Diferentemente do que acontece no restante do mundo, o Brasil figura na lista dos dez maiores emissores desses gases justamente pela prática dos desmatamentos na Amazônia e das queimadas no cerrado. As duas atividades correspondem a 75% das emissões brasileiras de CO2.

Indicar
O levantamento, feito mensalmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde 2004, detecta apenas desmatamentos com área maior que 25 hectares e, na ocorrência de nuvens, eles não podem ser identificados. O Ministério do Meio Ambiente anunciou que um novo sistema de monitoramento começará a ser utilizado ainda este ano: Indicador de Desmatamento por Imagens e Radar (Indicar), que poderá avaliar o desmatamento sob as nuvens. Diferentemente do sistema visual utilizado atualmente pelo Inpe, o Indicar irá operar por radar, sem limitações das condições atmosféricas e com capacidade de identificar áreas acima de 10 hectares.



Mancha assusta no Recife

Ana Cláudia Dolores
Júlia Kacowicz
Desmatamento na Amazônia Legal, em agosto, cai pela metade em relação ao mesmo período de 2009, mas sobe no AmazonasRecife ; Dois cartões postais do litoral pernambucano tiveram suas paisagens modificadas ontem. Por volta das 10h, duas manchas de coloração escura foram localizadas em pontos distintos do mar, levantando a suspeita de um grave acidente ambiental. A primeira, em frente ao Parque das Esculturas, no Porto do Recife. A segunda, na Praia de Muro Alto, em Ipojuca, na faixa tomada por hotéis de luxo. Partes dos fluidos chegaram a praias urbanas, como Pina e Boa Viagem.

O rumor entre banhistas, pescadores e frequentadores das praias era de que havia ocorrido um derramamento de óleo provocado por uma embarcação de grande porte. Horas depois, essa hipótese foi afastada pelas autoridades marítimas e governamentais, que ainda investigam a origem das manchas. A maior probabilidade é de que sejam resíduos de cereais, como milho ou trigo, fruto de uma possível lavagem de porão de uma embarcação.

O fluido estranho que surgiu no mar na área do Porto do Recife pode ter sido lançado por dois navios que estão à espera de atracação no cais. Segundo o chefe do Departamento de Segurança do Tráfico Aquaviário da Capitania dos Portos, capitão Hélio de Araújo, assim que a informação da mancha chegou à capitania, uma equipe de inspeção naval foi deslocada para alto-mar para verificar de onde teria partido o fluido. ;A mancha tem mais de 500 metros de diâmetro e não é de óleo. A probabilidade é que seja resíduo de milho ou trigo;, afirmou. Os dois navios, de bandeira e nomes não identificados, transportam granéis sólidos que seriam descarregados no Porto do Recife.

Já em Muro Alto, acredita-se que tenha ocorrido o fenômeno da Maré Vermelha, provocado por algas. De acordo com a coordenadora de gestão ambiental do Porto de Suape, Evelina de Sá, só será possível dizer algo com precisão a partir do resultado da análise da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).


Queimadas agravam a situação

Os desmatamentos estão diretamente ligados à presença de queimadas no país ; 96% dos focos de calor monitorados por satélites estão localizados em áreas de desmatamento, segundo o Ministério do Meio Ambiente. O coordenador do Programa Nacional para Redução de Fogo em Áreas Rurais e Florestais, Wanius de Amorim, destaca ainda o teor dos incêndios: ;A quantidade de queimadas acidentais são ínfimas, não são representativas. As queimadas brasileiras são criminosas;, denunciou.

O coordenador esclarece que as ações de combate, fiscalização e punição das queimadas são feitas com as ações relacionadas ao desmatamento, por meio do Centro Integrado Multiagência, composto por órgãos como Exército, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros e Funai. Amorim informa que este ano, com dados atualizados até setembro, já foram embargados 36.524 hectares de área em ações de fiscalização de queimadas. Os proprietários autuados ficaram impedidos de utilizar essas áreas para fins comerciais. Os embargos estão relacionados a 177 autos de infração, que resultaram em R$ 55,2 milhões em multas.

Cento e oito mil focos de calor já foram registrados no Brasil, nos nove primeiros meses do ano. Atualmente, há 182 focos em observação pelas equipes de combate e prevenção, dos quais 32 estão ativos; 14, controlados; 42, extintos; e 94, em fase de prevenção. Segundo o Ministério, das 304 unidades de conservação administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 90 foram afetadas pelos incêndios florestais.

De acordo com dados do Inpe, apenas no cerrado foram registrados 57,7 mil focos de queimadas, entre maio e setembro deste ano. O número é 350% superior ao verificado no mesmo período de 2009 ; que teve um registro de 12,5 mil focos na região. O coordenador Wanius de Amorim alerta, no entanto, que 2009 foi um ano atípico. ;Tivemos muita umidade, o tempo impossibilitou a prática do desmatamento;, disse. No Brasil, o número total de focos foi de apenas 30 mil no ano passado. Os anos de 2005 (143 mil), 2004 (142 mil), 2003 (128 mil) e 2007 (114 mil) apresentaram os números mais elevados de queimadas, nos nove primeiros meses do ano. (LL)

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