Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial, Estado de Minas
postado em 14/10/2010 16:28
Um policial militar e outras 11 pessoas foram presas, na manhã desta quinta-feira (14), em Montes Claros (MG), pela Polícia Federal, acusadas de participar de um esquema de transporte e venda de cigarros contrabandeados do Paraguai ao Norte de Minas. Foram apreendidos cerca de 60 mil maços de cigarros, sendo feita também a apreensão de armas e de pelo menos três veículos usados pela quadrilha. A operação, denominada "Cortina de Fumaça", envolveu cerca de 100 policiais.O acusado de ser chefe da organização criminosa é o cabo Antônio Evilásio Pereira Ruas, conhecido como "cabo Vila", lotado no pelotão da Polícia Militar em Claro dos Poções - de 8,2 mil habitantes, a 462 quilômetros de Belo Horizonte, Norte de Minas. Ele foi preso em um sítio de sua propriedade, no município de Montes Claros, onde houve a apreensão de um revólver e de animais silvestres - duas araras, um papagaio e um pássaro preto - criados em cativeiro sem autorização legal . De acordo com a PF, o cabo não reagiu à prisão, que foi acompanhada por representantes da Polícia Militar.
O cabo Antônio Evilásio foi levado para uma cela na sede do 10; Batalhão da Polícia Militar de Montes Claros. "Ficamos muito tristes com esse fato, pois a Polícia Militar é uma corporação que usa sua força para combater os crimes e, de repente, descobrimos que um dos seus integrantes que estava cometendo crimes", lamentou o delegado Fernando Bonhsack, chefe da Delegacia da Polícia Federal em Montes Claros.
Segundo Bonhsack, o policial militar contava com o auxílio de parentes e comandava um esquema de transporte e venda de cigarros contrabandeados altamente sofisticado. O delegado lembra que a organização contava até com "olheiros" para "avisar" os envolvidos durante o trabalho de fiscalização da Polícia ou da Receita Federal. "Além disso, o grupo criminoso contava um sistema de divisões de tarefas entre seus membros, sendo determinado quem é responsável pela guarda das mercadorias contrabandeadas, pelo transporte, pela venda e até pelo controle do faturamento", revelou Bonhsack.
Ainda segundo ele, a organização criminosa também recorre a empresas de fachada. As investigações foram iniciadas há três meses. Foram recolhidos documentos que demonstram a movimentação pela quadrilha de cerca de R$1 milhão somente no período da investigação. Ainda no mesmo período, houve a apreensão de um caminhão e uma carreta carregados de cigarros contrabandeados em Uberaba, no Triângulo Mineiro, que pertenciam ao esquema chefiado pelo "cabo Vila".
Nesta quinta-feira, foram expedidos 13 mandados de prisão e apenas um deles não foi cumprido porque um dos acusados de envolvimento com a quadrilha estava viajando e continua sendo procurado. As mercadorias apreendidas serão encaminhadas para a Receita Federal, que vai providenciar a incineração.