postado em 15/10/2010 16:23
O número de denúncias de cárcere privado na Central de Atendimento à Mulher ; Ligue 180, passou de 86 para 359, um aumento de 317% comparado ao mesmo período de 2009. A maior parte das denúncias é feita por vizinhos e parentes das vítimas. O balanço da Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) foi feito de janeiro a setembro deste ano. ;A visibilidade pública dos crimes e as campanhas educativas têm estimulado as pessoas a procurar o Ligue 180 e as delegacias de polícia. As pessoas estão se dando conta que a violência contra a mulher não é um problema do casal e sim de toda a sociedade;, disse a secretária de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, da SPM, Aparecida Gonçalves.
Os relatos de ameaça e lesão corporal também cresceram. De janeiro até hoje, foram registrados 88.960 casos de violência contra a mulher, dos quais 51.736 (58,4%) de violência física. Deste total 47.255 tratam de denúncias de lesão corporal e 12.788 de ameaça física, um aumento de 234% e 102% respectivamente, em relação ao mesmo período de 2009.
Para Aparecida Gonçalves, as repetidas denúncias sobre ameaças, seguidas de morte, evidenciam o descrédito do funcionalismo e da segurança pública nas vítimas. ;Os crimes de ameaça e lesão corporal são os que levam à morte, mas são justamente estes que menos têm credibilidade. Quando uma mulher chega a uma delegacia, ela precisa ser orientada e não ser intimidada com a possibilidade de prisão do marido ou do companheiro;, afirmou.
A secretária explicou que as mulheres em muitos casos voltam cinco, seis, sete vezes para fazer a denúncia e acabam morrendo com o boletim de ocorrência na mão. Dentre os agressores (82,3%) são maridos, companheiros ou ex-maridos. As denúncias revelam também que as agressões no âmbito doméstico não são esporádicas, 58% das vítimas são agredidas diariamente e em 51% dos casos, a mulher diz correr risco de morte. Outra constatação do levantamento é que 38% das vítimas tinham relação de dez ou mais anos com o agressor e 39% sofreram algum tipo de violência desde o início da relação.
Segundo Aparecida Gonçalves, outro aspecto que chama a atenção nos casos atuais de violência é o aumento do grau de crueldade. ;Nestes últimos períodos temos visto como os homens estão sendo cruéis com as mulheres. Não podemos assegurar se isto já havia ou se só agora estamos vendo estes crimes;, disse.