postado em 16/10/2010 08:30
A combinação diagnóstico precoce e tratamento eficaz aumenta consideravelmente a possibilidade de eliminação do câncer de mama. "Em 90%", atesta o chefe do núcleo de assistência e detecção precoce do câncer da Secretária de Saúde, Farid Buitrago. Mas ainda assim é a doença que mais mata mulheres no país, com 11 mil mortes por ano. Levantamento apresentado em setembro aponta a desinformação como uma das causas do avanço da doença. Para tentar reverter esse cenário, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou sete recomendações que, se seguidas pelas mulheres e pelos serviços de saúde, podem reduzir em 30% o número de mortes no país.De acordo com o oncologista Ronaldo Corrêa, técnico da divisão de apoio à rede de atenção oncológica do Inca, quatro grandes ações são fundamentais para combater não só o câncer de mama como outros tumores malignos. "Prevenção, detecção precoce, tratamento correto e cuidados paliativos são atitudes consideradas chave contra o desenvolvimento do câncer", explica. Baseado nessas ações e na avaliação da mortalidade por câncer de mama em países desenvolvidos, o Inca listou suas recomendações (veja quadro ao lado).
Um dado que preocupou o especialista foi o fato de que 39% das brasileiras que responderam a uma pesquisa do Instituto Ipsos acreditam estar imunes ao câncer. Das mil entrevistadas, 22% se consideraram fora de risco por não terem casos na família. "É um equívoco, já que apenas 5% dos casos de câncer têm herança familiar", esclarece.
Jovens
Sem nenhum caso da doença na família, aos 28 anos, a técnica em enfermagem Tatiane Alves sentiu algo estranho na mama direita. Desconfiada, procurou sua ginecologista, e o exame clínico revelou um nódulo pequeno no seio da paciente. A especialista que analisou a jovem solicitou um exame que constatou a presença células atípicas, consideradas de alto risco para o câncer de mama. Tatiane passou por uma pequena cirurgia e o nódulo foi retirado. De acordo com a médica especialista em diagnósticos por exames de imagem Janice Lamas, o exame mais indicado para mulheres jovens é a ultrassonografia mamária. "As mamas jovens são mais densas e tornam a imagem menos nítida. Quando existe alguma lesão ou nódulo palpável no exame clínico, indicamos a ecografia. Já para as mulheres com mais de 35 anos a mamografia é o exame mais indicado", explica.
Segundo a médica, o nódulo de Tatiane tinha alto potencial evolutivo e poderia se tornar um tumor maligno em poucos anos. "Tive sorte porque percebi o problema no início. Sou nova, sei que a possibilidade de ter câncer de mama na minha idade é pequena, mas nem por isso deixo de fazer exames de rotina", conta. A médica alerta: "A maioria dos tumores cresce sem dar sinais, por isso é fundamental que as mulheres façam exames clínicos de rotina desde cedo".
O oncologista Ronaldo Corrêa diz que mesmo com inúmeras campanhas de informação sobre prevenção do câncer de mama, os mitos e as dúvidas com relação à doença ainda são muitos. "Algumas mulheres pensam que o câncer de mama ocorre apenas antes da menopausa, o que é outro erro grave, já que a idade avançada é um dos fatos de risco para o desenvolvimento da doença", diz. Lamas completa: "Mulheres que tiveram a primeira menstruação antes dos 12 anos de idade ou que alcançaram a menopausa após os 55 anos também entram no grupo de risco".