O artista Fernando Lopes, do Correio Braziliense, conquistou pela terceira vez o Prêmio Vladimir Herzog na categoria arte. O concurso é um dos mais importantes do país e reconhece os melhores trabalhos veiculados na imprensa na área de direitos humanos.
A ilustração premiada retrata uma pedra em forma de coração. Foi publicada na edição de 21 de agosto para ilustrar o artigo "Crime e castigo", escrito pelo doutor em direito internacional Jorge Fontoura. O texto relatava a perplexidade do mundo diante do anúncio do governo do Irã de que iria enterrar uma mulher até o peito e apedrejá-la até a morte, porque ela teria cometido adultério.
Lopes conta que seu objetivo com a ilustração foi o de mostrar a falta de compaixão em regimes dominados pela religião, como o Islã, que prega o perdão, mas permite o fundamentalismo. "São corações endurecidos", define. Ele explica que o papel de um artista é "muito mais pensar do que desenhar".
Vencedor do Herzog nos anos de 2007 e 2008, Fernando Lopes, 53 anos, destaca que o prêmio não se limita à análise da qualidade técnica do trabalho, mas valoriza a mensagem que a ilustração retrata. "O retorno do nosso trabalho com uma premiação é o reconhecimento de que estamos sendo compreendidos", diz.
O prêmio será entregue em solenidade marcada para o dia 25, em São Paulo. Lopes já trabalhou no Correio três vezes e integra a Editoria de Arte há 13 anos. "Esse prêmio reconhece o artista que ele é e a dedicação que sempre teve pela profissão que exerce. O Fernando tem uma habilidade ímpar. É um profissional admirado pela facilidade de interpretar", afirma o editor de Arte do jornal, João Bosco.