Brasil

Mobilização nacional pró-saúde da população negra quer engajar 70 cidades

postado em 19/10/2010 16:46
Aumentar o número de cidades engajadas na campanha pela mobilização nacional pró-saúde da população negra é uma das metas das entidades envolvidas na campanha. O movimento é coordenado pela organização não governamental Criola. Em entrevista à Agência Brasil, o articulador nacional da campanha, José Marmo da Silva, revelou que desde o ano passado o movimento foi estendido, unindo a mobilização com o Mês da Consciência Negra. ;Então, ela começa em outubro e termina no dia 20 de novembro, data em que se comemora o herói negro Zumbi dos Palmares;.

Até o momento, o movimento já tem 40 cidades engajadas. ;Até 20 de novembro, eu acho que a gente consegue chegar até 70 cidades brasileiras;. A campanha conta com a parceria das secretarias de Saúde e do Conselho Nacional de Saúde, entre outras entidades. ;Nós estamos trabalhando, todo mundo junto, numa grande parceria, para que atinja até 20 de novembro várias cidades de todas as regiões do país;.

Hoje (19), o Encontro sobre a Saúde da Mulher Negra, no Rio de Janeiro, deu seguimento ao movimento de mobilização nacional pró-saúde da população negra. A campanha ocorre anualmente desde 2006 e tem seu auge no Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, comemorado na quarta-feira (27) da próxima semana.

Até novembro, serão realizados diversos eventos, incluindo seminários e uma audiência pública sobre a saúde da população negra. A ideia, disse Marmo, é dar uma visibilidade maior à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. ;E também trazer à tona as desigualdades raciais em saúde, na medida em que a gente quer um Sistema Único de Saúde (SUS) com equidade;.

Segundo Marmo, nas cinco capitais do Norte país, por exemplo, estão ocorrendo atividades. Para o próximo mês foi estabelecida uma agenda prioritária nessas cidades com temas sobre o assunto. ;Foi importante para nós. É um ganho;.

Qualquer pessoa pode participar da campanha, seja reunindo os amigos para discutir o tema do movimento, seja exibindo vídeos institucionais que abordem a questão do racismo na área da saúde, entre outras formas. ;O importante é participar, trazer à tona essa discussão;, destacou Marmo.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, as mulheres negras com idade entre dez e 29 anos apresentavam risco de morrer por câncer de colo de útero 20% maior do que o da mulher branca na mesma faixa etária, no período de 2007 a 2009. Segundo a mesma fonte, a população negra tem maior risco de morte por causas externas, especialmente por homicídios.

A mobilização pretende ampliar a cobertura de saúde e melhorar essas estatísticas. ;Qualificar o atendimento do SUS e as decisões políticas em saúde, levando em consideração a qualidade da coleta raça/cor [nas estatísticas do Ministério da Saúde]. Nós queremos incluir também os temas de racismo e seu impacto na saúde mental, queremos fortalecer o controle social das políticas públicas de saúde pela população negra. É importante que a população negra acompanhe e monitore a Política Nacional de Saúde Integral nos estados e municípios, que hoje é lei;, afirmou Marmo.

A mobilização para sensibilização da sociedade e dos gestores na área de saúde deverá ter continuidade nos próximos governos, disse. ;Mas, a gente também pensa nos desdobramentos depois da mobilização;. Citou o exemplo de Teresina, capital do Piauí., onde a Secretaria Estadual de Saúde já está incluindo o tema da saúde da população negra em suas áreas programáticas. ;Isso é fundamental. Porque não adianta só você mobilizar e depois não ter um produto mais tarde;.

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