postado em 22/10/2010 21:47
Apesar de as secretarias de Saúde já serem obrigadas a comunicar à Vigilância Sanitária sobre os casos de infecção hospitalar, como os da superbactéria KPC, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai reforçar a responsabilidade dos órgãos estaduais em registrar os dados sobre contaminações pela bactéria, por meio de uma nota técnica a ser publicada na próxima semana.Desde 1998, as secretarias devem registrar dados sobre casos e medidas de controle da infecção hospitalar. O diretor-executivo da Anvisa, Dirceu Barbano, explicou hoje (22) que a infecção hospitalar não entra na lista de casos para notificação compulsória, ou seja, obrigatória, porém os serviços de saúde devem fazer o registro. A nova nota técnica não falará em obrigatoriedade, de acordo com o diretor.
Barbano reconhece que nem todos os estados fornecem as informações com regularidade, provocando discrepâncias entre os números e levando à ausência de um mapeamento nacional. ;Nós estaríamos em uma situação mais segura para a tomada de decisões se pudéssemos conviver em um ambiente com notificações mais consistentes. O máximo que podemos fazer é cobrar a responsabilidade das pessoas. Não temos mecanismo de punição. Não temos condições de colher os dados nos hospitais. Esperamos que esses alertas mobilizem essas autoridades para que cumpram suas responsabilidades;, afirmou Barbano.
A Anvisa registrou casos da superbactéria em cinco estados e no Distrito Federal, de julho de 2009 a julho deste ano ; sendo três notificações no Espírito Santo, quatro em Goiás, três em Santa Catarina e 12 em Minas Gerais. Em São Paulo, foram 70 casos, sendo que 24 pessoas morreram.
A pior situação é no Distrito Federal, onde foram registrados 154 casos de janeiro a 15 de outubro, segundo a Anvisa. A Secretaria de Saúde do DF informou ontem (21) 183 ocorrências e 18 mortes. Um levantamento feito ontem pela Agência Brasil constatou 18 casos confirmados na Paraíba e 24 no Paraná, conforme informações fornecidas pelas secretarias de Saúde.
Barbano admite que a contaminação pela KPC não está restrita aos estados que aparecem na lista da agência. Ele argumenta que os dados da Anvisa são atualizados num período de 15 dias, o que explicaria parte da divergência entre o número de casos. O diretor informou que a agência pretende adotar um software para o registro imediato pela internet, mas não disse quando o novo sistema será implantado.