São Paulo ; No Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, profissionais da Clínica de Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) fizeram hoje (29) um trabalho de orientação dos pacientes que passaram pelo ambulatório, sobre a prevenção da doença.
O AVC é a primeira causa de morte no Brasil e a segunda no mundo. De acordo com estimativas de 2007, por ano, morrem 6 milhões de pessoas no mundo, sendo 96 mil delas no Brasil. Mais de 40% das mortes (41 mil) ocorrem no estado de São Paulo.
Campanha
Segundo a coordenadora da campanha no HC, a neurologista Adriana Conforto, os principais fatores de risco que podem levar à doença são a pressão alta, o sedentarismo, tabagismo, diabetes e colesterol alto, além da idade avançada. ;Acima de 65 anos aumenta bastante o risco de ter um AVC. Depois dos 55 anos, em cada década, aumenta em duas vezes o risco. Isso não tem como evitar, mas evitar esses outros fatores já ajuda bastante para diminuir a probabilidade da pessoa ter um AVC;.
Sintomas
Adriana disse que os sintomas que aparecem rapidamente são: boca torta, quando a pessoa sorri e sente que um lado não se mexe; perda de força em um lado do corpo, quando não se consegue levantar o braço ou movimentar a perna; dificuldade de fala, quando a pessoa não consegue nem repetir uma frase, por exemplo. Nesse caso, é preciso ter consciência que esses sintomas mostram que há uma situação de emergência, sendo necessário chamar uma ambulância o mais rápido possível.
De acordo com a neurologista, 20% das pessoas podem ter, alguns dias antes do AVC, sintomas que vão e voltam, como enfraquecimento do braço e da perna ou movimentos não espontâneos da boca. ;O importante é não esperar, não ficar aguardando melhorar e, mesmo que melhore, a pessoa deve procurar um hospital, porque essas pessoas que têm os sintomas que vão e voltam têm o risco aumentado de ter um AVC na próxima vez em que tiverem os sintomas;.
Causas
Adriana explicou que o derrame é uma lesão no cérebro que pode ser causada por falta de sangue em uma determinada região (isquemia) ou quando ocorre um extravasamento de sangue (hemorragia). Até um terço das pessoas que sobrevivem fica com sequelas que as impedem que executem atividades normalmente, tornando-as dependentes de outras. Segundo a neurologista, 80% dos derrames são provocados por isquemia e 20% por hemorragia. ;Essa lesão em uma parte do cérebro faz com que a pessoa perca funções que dependem do funcionamento correto do cérebro. Ou seja, ficam com dificuldade para mover uma parte do corpo, para falar, enxergar, equilibrar-se, além de problemas de coordenação motora;.
A médica ressaltou que no caso do AVC isquêmico há um medicamento que, se utilizado até quatro horas depois do início dos sintomas, diminui em 30% as chances de a pessoa ficar com sequelas graves. ;Mas para que essa medicação possa ser administrada, a pessoa tem que chegar cedo ao pronto-socorro. A avaliação médica tem que ser rápida, porque não são todos os casos que podem receber esse tratamento;.
Quando o paciente ficar com sequelas pode ser indicada a reabilitação com fisioterapia, dependendo do caso, grau de dificuldade e comprometimento funcional que a pessoa tiver. ;A reabilitação é um elemento bastante importante para reintegrar a pessoa à sociedade e permitir que ela faça suas atividades normalmente;. Adriana afirmou ainda que muitas vezes o AVC não deixa sequelas, mas pode aumentar o risco de um segundo derrame que leve a problemas irreversíveis. ;Por isso, é preciso tomar todos os cuidados para prevenir esse segundo derrame;.