postado em 01/11/2010 15:00
Anunciado pela Prefeitura de Belo Horizonte, no início de 2009, quando três pessoas foram arrastadas e mortas pelo Ribeirão Arrudas e alguns bairros devastados pelo temporal daquele réveillon, finalmente os equipamentos capazes de prever, com antecedência, tempestades e aumento do volume d;água nos leitos de rios e córregos estão prestes a ser instalados. Ainda este mês, na temporada de chuvas fortes, os aparelhos serão os personagens principais de 42 estações de hidrometeorologia, que serão montadas em todas as nove regiões da cidade. Os equipamentos e obras finalizadas, nos últimos 24 meses, nas bacias hidrográficas da capital serão o grande teste para a cidade concluir se está preparada para enfrentar novos dilúvios.As estações serão colocadas no alto de morros, no interior de galerias subterrâneas dos leitos e até em postes e semáforos. Os equipamentos vão enviar ondas magnéticas aos leitos dos rios e córregos, recebendo o sinal de retorno. O tempo de retorno da onda magnética é que mostrará aos aparelhos se os leitos estarão subindo rapidamente. ;Funcionarão como ultrassom: a onda bate na água e o sinal retorna;, explica Ricardo Miranda Aroeira, coordenador-executivo do Drenurbs, programa da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), órgão da prefeitura responsável pelas estações.
Os aparelhos também vão medir o índice pluviométrico de determinadas áreas, a umidade relativa do ar, a direção e velocidade dos ventos, além da pressão atmosférica. Todos os sinais serão enviados pelas estações à central de inteligência, que será montada na Defesa Civil municipal. O órgão receberá informações on-line a respeito do perigo de inundações, acionando, se necessário, o Corpo de Bombeiro e outras instituições. Mas a principal vantagem de a prefeitura perceber o risco de enchentes será poder avisar, com antecedência, os ribeirinhos. As famílias terão tempo suficiente para deixar a área.
A prefeitura já mapeou as casas onde há moradores que precisam de ajuda para deixar o lar, rapidamente, em caso de enchentes. Eles serão socorridos pelos órgãos de defesa social e por mais 400 moradores treinados pelo município. Os ;heróis; integram os 35 núcleos de alerta de chuvas (Nacs). ;Eles vão acionar os vizinhos. Rotas de fuga foram mapeadas para ajudar no socorro de idosos e pessoas com dificuldade de locomoção;, informou Aroeira.
Enquanto as estações não entram em operação, técnicos da prefeitura foram a campo visitar famílias que vivem em áreas de risco. Segundo a Urbel, de julho a setembro, 35 famílias foram orientadas a sair de suas residências. O número de famílias só não é maior em razão de a Urbel e as regionais terem construído, por meio do Programa Estrutural em Área de Risco, 55 obras de pequeno porte. Outras 45 estão em andamento.
A maioria das intervenções é contenção de encosta, melhoria de acesso, recuperação de rede de drenagem e lajes impermeabilizantes. Boa parte dessas obras foi indicada por voluntários dos núcleos de Defesa Civil, como são chamados os grupos que atuam em parceria com a prefeitura para a prevenção de desastres causadas pelos temporais.
Radar
A Defesa Civil Estadual também vai operar um equipamento importante, capaz de prever chuvas fortes com horas de antecedência. Trata-se de um radar meteorológico, que será adquirido pela Cemig e instalado, possivelmente, em Mateus Leme, na Região Metropolitana. Ele irá vigiar cidades num raio de 250 quilômetros, mas ainda não há certeza de que entrará em atividade ainda este ano. ;Já está no processo de aquisição;, disse o major Edylan Arruda de Abreu, diretor de Comunicação Social da Defesa Civil.
A instituição lançou, no último dia 22, o Plano de Emergência Pluviométrica 2010/2011. Dez equipes técnicas estão treinadas para atender as ocorrências em todo o estado. A Defesa Civil conta com 12 depósitos abastecidos com materiais de ajuda humanitária: alimentos, vestuário, lonas plásticas para barracas, telhas, colchões, cobertores e os importantes kits de higiene.