Brasil

Rebelião em presídio mata 14 em São Luís

Rixa entre presos da capital e do interior levou ao início do conflito. Cenário de terror incluiu corpos decapitados e execuções sumárias

Ronald Robson, Daniel Fernandes
postado em 09/11/2010 11:07
São Luís (MA) ; Três cabeças de presos decapitados não deixavam negar o terror que se instalou durante a rebelião que se iniciou na manhã de ontem no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. Além desses, um monitor foi baleado e sete pessoas foram feitas reféns. O saldo divulgado pela Polícia Militar até o início da noite de ontem contava 14 mortos. Desses, nove corpos foram liberados pelos rebelados para o Instituto Médico Legal (IML). Mas informações preliminares da polícia sinalizaram mais cinco corpos ainda não liberados até o fechamento desta edição.

O motivo principal da rebelião seria rixa entre presos da capital e de municípios da baixada maranhense. Os rebelados exigiram a retirada ou a separação dos presos de municípios do interior e de São Luís. Outras exigências dos presos foram a substituição do diretor-geral da penitenciária, Luís Henrique Sena de Freitas, e da adequação do abastecimento de água para o presídio, que seria falho.

O negociador oficial da Polícia Militar, major Luiz Eduardo Vaz, declarou interrompida a negociação ao fim do dia. Segundo ele, sem a luz, os presos não se sentem confiantes para negociar, temendo atentados contra sua vida. As negociações pelo lado dos detentos estavam sendo feitas por detidos conhecidos como Rony Boy, Cerec e Diferente, cujos nomes verdadeiros não foram divulgados. Ainda no fim da tarde, o negociador tentou a libertação de um dos monitores feitos reféns em troca de alimentação para um dos pavilhões de presos. Segundo ele, esse monitor que seria libertado toma remédios controlados para o coração. Os nomes dos reféns também não foram divulgados.

Por volta das 9h, um dos monitores do presídio abriu uma cela especial (a de ;castigo;, como a chamam) para levar um dos detentos para o pátio. Este tomou a arma do agente, desferindo-lhe um tiro nas costas e outro em uma das pernas. Ali se iniciou a rebelião, que prosseguiu pavilhão adentro com execuções, ameaças e depredação do edifício. De pronto, outros quatro monitores foram feitos reféns, bem como duas mulheres de presos que, no momento, lhes faziam visitas.

Por volta das 11h, o negociador Luís Eduardo Vaz tomou a frente dos diálogos perante os presos. Deu-se o primeiro avanço: o monitor baleado, Raimundo de Jesus Coelho (o Dico), foi liberado e encaminhado para o Hospital São Domingos, onde até o fim da tarde de ontem permanecia em estado grave, porém estável. O policial teve de passar por cirurgias para a retirada das balas.

O governo do estado divulgou nota dizendo que ;acompanha, desde o primeiro momento da rebelião, as negociações entre os rebelados e representantes da Secretaria de Segurança, da Secretaria dos Direitos Humanos, do Judiciário e do Ministério Público. Sabe-se que há um estado de tensão permanente entre facções de presos e que somou-se a isso o evento em que um agente penitenciário acabou dominado por um grupo que se apossou de sua arma para dar início à rebelião;.

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