postado em 10/11/2010 08:26
Foi presa, na tarde de ontem, em Goiânia, a proprietária da creche e berçário Bebê Feliz. Maria do Carmo Serrano, 62 anos, é acusada de agredir pelo menos 22 crianças de até três anos que estavam sob sua responsabilidade. Adriana Accorsi, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), encaminhou, na semana passada, o primeiro pedido de prisão temporária da agressora à 7; Vara Criminal de Goiás, mas a solicitação foi negada. Na última sexta-feira, outro pedido da delegada foi encaminhado ao juiz José Carlos Duarte, que o aprovou ontem."Assim que o juiz soltou o pedido de prisão preventiva, iniciamos as buscas", conta Accorsi. A Polícia Civil de Goiás começou a procurar a acusada na casa da filha dela, mas não a encontrou. Próximo das 17h, o advogado de Maria do Carmo entrou em contato com a polícia. A dona da creche apresentou-se à polícia nas dependências do prédio da Secretaria de Segurança Pública do estado e foi encaminhada à Casa de Prisão Provisória de Goiás. Ela vai ficar em reclusão até a data do julgamento, que deve acontecer em um prazo máximo de 81 dias após a conclusão do inquérito policial.
A delegada Adriana Accorsi espera entregar a conclusão do inquérito até o fim desta semana. Segundo Accorsi, Maria do Carmo está isolada das outras detentas. "Por medida de segurança, ela vai ficar afastada das outras mulheres até que possa ocorrer socialização de forma segura", explica.
Roberta*, uma das mães das crianças que foram torturadas nas mãos de Maria do Carmo, espera que ela responda logo pelos crimes. "Fiquei feliz com a notícia da prisão. E quero que a sentença saia logo", desabafa. Ela e outros pais se uniram e vão contratar juntos um advogado para representá-los.
Filmagens
No último dia 4, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) divulgou trechos das filmagens que fizeram parte das investigações de tortura física e psicológica a que mais de 20 crianças eram sujeitas na creche e berçário Bebê Feliz, no bairro Parque Laranjeiras, em Goiânia. As imagens, gravadas por uma funcionária do local, revelaram diversas agressões da proprietária do estabelecimento em crianças com menos de 3 anos de idade.
Segundo as acusações, Maria do Carmo Serrano chegou a obrigar algumas crianças a comerem o próprio vômito e raspou o dedo de outra na parede até feri-la. Testemunhas afirmam que as agressões eram constantes e acompanhadas de palavrões e de risadas sarcásticas. O caso gerou revolta entre moradores do bairro, que nunca tinham desconfiado do que ocorria dentro da creche.
O que também revoltou pais e vizinhos do berçário foi a demora do Judiciário em garantir a detenção da acusada até que ela seja julgada. Maria do Carmo ficou cinco dias em liberdade até que o pedido de prisão preventiva fosse autorizado.
* Nome fictício, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)