Brasil

Universidades que adotam o Enem como seleção preocupam-se com cancelamento

postado em 11/11/2010 08:10
Com a crise instalada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por conta das falhas no último fim de semana, as instituições de ensino superior que adotam as notas do teste parcial ou totalmente em seus processos seletivos demonstram uma certa preocupação, especialmente em relação à indefinição a respeito da anulação ou não do exame.

Quinze universidades federais ouvidas pelo Correio afirmaram que, em princípio, a ideia é que nada mude, mas com a possibilidade de cancelamento do teste é impossível fazer qualquer previsão. As instituições esperam uma posição definitiva da Justiça e do Ministério da Educação sobre o cancelamento ou a manutenção das provas aplicadas no último fim de semana. E essa ansiedade deve permanecer até que a Justiça Federal no Ceará decida se vai acatar o agravo de instrumento, enviado pela Advocacia-Geral da União (AGU), pedindo a reconsideração da decisão. E o maior temor entre elas: o impasse pode atrasar o calendário de 59 universidades e 38 institutos federais.

Torcida
Nas universidades em que o exame será usado como primeira fase do vestibular 2011 ; UFRJ, UFMG, federal de Uberlândia, federal de Juiz de Fora e federal do Espírito Santos, entre outras ; há uma torcida grande para que tudo se acerte logo. Naquelas que preferiram definir o preenchimento de vagas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do MEC, fica a expectativa para saber quando as inscrições serão iniciadas. As federais do Ceará, de Ouro Preto (MG), de Campina Grande (PB) e da Unirio, por exemplo, têm o Enem como única forma de ingresso. A Unifesp reservou 1.720 vagas e a UFBA, 1.555.

Em princípio, a abertura de inscrições do Sisu está prevista para a primeira quinzena de janeiro. Representantes das reitorias e dos conselhos permanentes de vestibular e processos seletivos acreditam que haverá tempo hábil para que os candidatos se inscrevam no sistema com as notas definitivas do Enem em mãos. ;Mesmo que seja necessário o adiamento das inscrições em uma ou duas semanas, isso não chega a afetar os calendários das universidades;, ponderou Jair Ferreira de Almeida, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). ;Não queremos tomar uma decisão precipitada, não é conveniente trabalhar apenas com hipóteses. Por isso, vamos ter calma e aguardar;, comentou o pró-reitor de graduação da federal da Bahia, Ricardo Miranda.

Independentemente do Sisu, as notas do Enem serão aproveitadas pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). É o que diz Marcos Gama, presidente da Comissão de Vestibulares da instituição. Ele, no entanto, se mostrou preocupado com um possível atraso no calendário letivo: ;Essa situação gera desconforto e instabilidade. Esperamos que uma posição seja definida o quanto antes. Não teremos tempo para plano B;.

O otimismo de algumas universidades não parece ser transmitido para os candidatos. É geral o medo do conflito de datas de um novo exame e de outros vestibulares e há ainda a dúvida sobre o que será feito no caso das instituições que adotam o Enem como primeira fase ou fase única. ;Tenho medo de a UFMG e a UFU fazerem duas provas e eu ter que viajar duas vezes. Além do desgaste físico, ainda teria mais gastos com passagem;, observa Paulo Henrique Moura, 19 anos, aspirante a uma vaga de engenharia civil. A estudante Jéssica Vasconcelos, 18, vai tentar medicina na Unirio, UFRJ, UFC e UFCSPA (todas vão usar a nota do exame). ;Não tem como esperar uma coisa que é incerta;, lamenta a moça. Laila Passos, 19, também quer medicina e está angustiada com a indefinição: ;Acho que fui bem e estava contando com isso. Não gostaria que anulassem as provas;.

Em busca de respostas do Inep

; A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) cobrou do Inep informações sobre as irregularidades no Enem. A procuradora Gilda Pereira de Carvalho encaminhou ofício, na terça-feira, no qual faz diversos questionamentos sobre o exame. No documento, o órgão quer esclarecimentos sobre os erros de impressão nos cartões de resposta e nos cadernos de prova e também pede que sejam informados os tipos de prejuízos que os estudantes podem sofrer, além de quais providências serão tomadas para reparar os danos.

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