Brasil

Traficante foragido da Justiça se entrega para a polícia em Sabará (MG)

Landercy Hemerson
postado em 14/11/2010 21:09
;Essa vida de crime não leva ninguém a nada;. Foi com essa convicção que o serrador de pedras Anderson de Almeida, de 25 anos, ligou no fim da manhã deste domingo para o telefone da 190 da Polícia Militar para se entregar, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foragido desde 2007, depois de condenado a três anos de prisão por tráfico de drogas, ele decidiu que tinha chegado a hora de acertar as contas com a Justiça. ;Não existe vida para quem é foragido. Mais do que o temor de ser preso a qualquer momento, não é possível ter uma vida digna, como que trabalhando com carteira assinada;, constatou Anderson.

O serrador disse que descobriu sua condição judicial há pouco mais de um ano. ;Uma amiga consultou pela internet minha situação na Justiça. Isso foi no meio do ano passado. Quando fiquei sabendo que era considerado foragido, teve início o drama que chegou ao fim neste domingo quando decidi ligar para a polícia;, contou. Militares da PM de Sabará seguiram então para a Rua Atílio Puri, no Bairro Borba Gato, onde Anderson disse que os aguardaria.

;Foi um momento difícil, mas minha mãe sempre dizia que eu deveria resolver essa situação. Meus irmãos, três deles adolescentes, viram o momento em que fui preso. Eu disse a eles para que tomassem como exemplo minha situação, e que nunca seguissem pelo mesmo caminho. Somos cinco filhos, de uma família pobre, e eu era a única ovelha negra. Digo era, pois estou aqui para pagar o que devo. E quando ganhar a liberdade vou seguir minha vida, de forma simples e honesta;, garantiu.

Anderson Almeida conta que foi preso no começo de 2005, de posse de 13 pedras de crack. ;Comecei a traficar ainda adolescente. Foi a ilusão de entrar para a vida de crimes, pensando que ganharia muito dinheiro para comprar tudo que queria. Porém, mais sai bolso do que entra;, afirma. Ele diz que vendeu droga por quase quatro anos, quando também passou a fazer uso de maconha. Anderson ficou atrás das grades por oito meses e foi beneficiado com o regime semi-aberto, em março de 2006.

Até julho daquele ano compareceu às audiências no fórum de Sabará. Depois não retornou, pois alega que não tinha dinheiro para pegar ônibus. Anderson Almeida garante que depois de solto não voltou a traficar. ;De cada 10 que ganham a liberdade cinco voltam à vida de crimes e acabam mortos. Três retornam para a cadeia e dois tem a chance de recomeçar e aproveitam a oportunidade;, sugere. Ele diz que trabalhou como ajudante de mecânico e há cerca de três anos está numa empresa de corte e formatação de pedras.

;Contei ao meu patrão minha situação e ele disse que arrumaria um advogado para me ajudar, pois queria me registrar. Mas não dava mais para esperar e decidi vir pagar o que devo, pois quando sair eu tenho trabalho garantido. Sei que vou receber por mês o que talvez ganharia por dia no tráfico. Mas vale a pena ter uma vida honesta;, destaca Anderson, que espera que a Justiça possa lhe dar outra chance para retornar ao regime semi-aberto. Mas, por enquanto, sem um advogado para defendê-lo, ele conta apenas com a sensibilidade do juiz que vai analisar seu caso.

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