postado em 30/11/2010 11:24
Só em drogas e armas, os bandidos do Comando Vermelho perderam mais de R$ 30 milhões em menos de uma semana, com os prejuízos causados pelas ocupações policiais na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão.O maior impacto se refere a drogas. Conforme a Secretaria da Segurança Pública, foram apreendidas cerca de 42 toneladas de maconha e 300 quilos de cocaína ; o que representa uma carreta, cheia. Transformada em papelotes, a cocaína ; que é comprada na Bolívia a R$ 1 mil o quilo ; é revendida, nas favelas cariocas, a R$ 12 mil o quilo. Os 300 quilos apreendidos, portanto, representam perda líquida de R$ 3,6 milhões.
As perdas com maconha foram bem mais substanciais. Com o quilo revendido no Complexo do Alemão a R$ 700 ; embora adquirido a R$ 150 no Paraguai ;, os traficantes podem ter perdido, apenas em marijuana, o equivalente a R$ 28 milhões.
Valorização das armas
Mas a droga não preocupa tanto os traficantes quanto a perda de armas. É que armamento significa controle de território e formação de uma base, para os criminosos, explica o delegado Eduardo Clementino, que representou a cúpula da Polícia Civil na tomada do Complexo do Alemão.
As armas são obtidas pelos traficantes por um preço até 10 vezes maior que a venda comercial para as Forças Armadas, calcula o gaúcho Carlos Alberto Portolan, consultor em segurança pública e ex-chefe da segurança do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
; Um fuzil calibre 7.62mm tipo o FAL (padrão do Exército brasileiro, muito usado pelos traficantes) custa R$ 50 mil, embora para as Forças Armadas saia por R$ 10 mil. É que os vendedores de armas embutem no preço o risco de serem presos ao realizarem o contrabando da arma ; pondera Portolan.
O custo das armas também depende do ano de fabricação e da quantidade comprada. Uma pistola é vendida por R$ 6 mil, quando custa R$ 2 mil numa loja. A granada, que custaria R$ 800, no mercado negro chega a R$ 2 mil.
O último balanço apresentado pelas polícias Militar e Civil fluminenses contabiliza 205 armas apreendidas na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão. Entre elas, 22 fuzis, duas metralhadoras pesadas (antiaéreas), 9 submetralhadoras (portáteis), seis escopetas, uma carabina e 24 armas de pequeno porte, como pistolas e revólveres. Além delas, 120 granadas.
Somadas aos 400 veículos apreendidos ; 350 deles, motos ; o prejuízo pode ultrapassar R$ 50 milhões. Quase irrecuperável, para quem perdeu também suas duas principais bases operacionais, conclui Portolan.