postado em 01/12/2010 08:43
Diante da perspectiva de que o Brasil poderá se tornar em 2010 o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, o poder público e a iniciativa privada têm se mobilizado para buscar investimentos para o setor aquaviário. O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Tiago Lima, destaca que o principal desafio do país é formar profissionais para atender a crescente demanda da área marítima brasileira. Com a finalidade de aperfeiçoar o processo de formação, treinamento e capacitação de pessoal, uma missão brasileira visitou, entre 15 e 18 de novembro, a Dinamarca, um dos países mais bem- sucedidos na área de navegação.Durante a visita a Copenhague, liderada pelo diretor da Antaq, a Dinamarca sinalizou a possibilidade de treinar a partir do ano que vem cadetes brasileiros a bordo de navios de bandeira estrangeira. De acordo com Pedro Lima, os laços entre os países devem se estreitar ainda mais em abril de 2011, quando será realizado um seminário Brasil/Dinamarca, voltado para a intensificação da troca de experiências.
Além da capacitação de oficiais brasileiros, a Dinamarca demonstrou interesse em transferir tecnologia para o Brasil. Lima contou que uma empresa dinamarquesa estuda levar para Macaé, no Rio de Janeiro, um simulador de última geração para o treinamento de pessoal. ;O renascimento da indústria naval brasileira levou o país a procurar essa troca de experiência;, explicou o diretor da Antaq.
Atualmente, segundo ele, 95% do comércio exterior brasileiro é feito por meio dos portos. ;Estamos assistindo a um crescimento da indústria naval brasileira, em função das perspectivas do pré-sal, de novos campos de petróleo que foram descobertos. Com isso, aumentou a demanda por estaleiros;, detalhou.
De acordo com Lima, a indústria naval brasileira chegou ser a mais desenvolvida do mundo na década de 1970, mas ;caiu substancialmente; e recuperou o ritmo apenas nos últimos quatro anos. ;Existem muitos pedidos de construção de estaleiros no Brasil. O país não está dando conta da demanda, porque para se ter mais navios é preciso ter mais tripulantes;, explicou.
No Brasil, a formação de oficiais para conduzir os estaleiros é feita exclusivamente pela Marinha. Há propostas de mudança na legislação para que se permita o treinamento de profissionais pela iniciativa privada, como ocorre na Dinamarca, onde a formação se dá em parceria entre o público e o privado. Hoje, segundo a Antaq, há um deficit de 400 oficiais para operar os navios brasileiros. Se nenhuma mudança drástica for adotada, a estimativa é de que o país chegará a 2016 com deficit de 1.200 a 1.500 oficiais para as embarcações.
Hidrovias
Tiago Lima acrescentou que a Dinamarca também pretende investir no desenvolvimento das hidrovias brasileiras, que têm potencial de navegação de 65 mil quilômetros, frente aos 13 mil quilômetros atualmente explorados. O setor de navegação no país responde por 13% da matriz de transporte, mas a meta, segundo o diretor da Antaq, é que esse percentual dobre até 2025. ;As hidrovias brasileiras estão renascendo;, afirmou Lima.
De olho na Copa do Mundo de 2014, o diretor observou que o governo tem planos para investir na reforma de sete portos. A expectativa dele é de que o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, dê continuidade ao projeto de desenvolvimento iniciado na atual gestão. Ele observou que Dilma foi uma das incentivadoras da retomada do crescimento da indústria naval.
Regulação
Criada em 2001, a Antaq é uma agência reguladora, vinculada ao Ministério dos Transportes, que supervisiona e fiscaliza as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária do país. Dentre suas missões estão a de harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas concessionárias e o de arbitrar conflitos no setor.