Rio de Janeiro - O grupo criminoso que controlava o Complexo do Alemão tende a se reorganizar em favelas da Baixada Fluminense, segundo o sociólogo e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) José Claudio de Souza Alves. Na sua avaliação, o que está ocorrendo no Rio é um processo de reconfiguração da geopolítica do crime, que teve início com o surgimento das milícias e foi consolidado com a implantação das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
;Se você for na Mangueirinha e no Lixão, em Duque de Caxias, no Gogó da Ema e no Bom Pastor, em Belford Roxo, e no K11, em Mesquita, vai ver o adensamento cada vez maior desses grupos criminosos;, diz o sociólogo, autor de um livro sobre a história da violência na Baixada Fluminense.
Para Souza Alves, a carência de policiamento na Baixada Fluminense facilita essa migração dos grupos criminosos, que vem ocorrendo há anos. ;Se na zona sul você tem um policial para cada 300 habitantes, na Baixada esse número é de um para cada 1.600 moradores. Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis, somadas, têm 1 milhão e 300 mil habitantes, e só 600 policiais, que trabalham em regime de turno, ou seja, 200 a cada dia.;
Crítico do que chama de ;espetacularização midiática; da atuação das forças de segurança no Rio de Janeiro, o sociólogo considera uma inverdade simplificar o combate ao crime como uma luta do bem contra o mal. ;Em todas essas comunidades sempre houve a presença da polícia e acordos com facções do crime, além de conflitos, abertos ou não;.
De acordo com Souza Alves, o que ;há na cidade do Rio de Janeiro é um grande projeto de ocupação urbana, que inclui a expulsão da facção mais agressiva do crime das áreas de interesse do estado e do capital.;