O comando da Força de Paz que atuará por tempo indeterminado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, será do Exército. A definição ocorreu ontem, depois de uma reunião entre o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, na qual se discutiu a forma de trabalho para os próximos meses. De acordo com Jobim, as forças de segurança do Rio ficarão subordinadas aos militares que, por sua vez, somente atuarão no patrulhamento, na revista e nas prisões em flagrante. O ministro não definiu prazos para a manutenção das tropas, mas avisou que o Exército terá novas missões.
;A mudança fundamental é que agora sobe o morro;, disse ele, referindo-se ao Exército. Apesar de afirmar que a Força de Paz será uma operação integrada, caberá ao Comando Militar do Leste definir as ações na área, enquanto as polícias Civil e Militar ficarão com as ações de buscas e apreensões, prisões e de polícia judiciária. Além do Alemão, segundo Jobim, as tropas poderão atuar também no Complexo da Penha, onde está a Vila Cruzeiro, ocupada na semana passada pelas forças de segurança. ;É a obtenção de condições de liberdade e autonomia das comunidades;, afirmou Jobim, ao definir a atuação dos militares na região.
Polegar
A Polícia Civil do Rio começou a investigar a denúncia de que o traficante Alexandre Mendes da Silva, o Polegar, fugiu do cerco ao Complexo do Alemão escondido em um carro descaracterizado da corporação em direção à região dos Lagos. As denúncias, que chegaram ao Ministério Público Estadual e à Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública, revelam que Polegar estaria acompanhado de outro criminoso, identificado como Ninho. Eles teriam saído do Complexo do Alemão no porta-malas de um Gol, que estaria conduzido por oficiais, na véspera da ocupação policial e militar na favela. Polegar era chefe do tráfico no Morro da Mangueira, na Zona Norte, mas deixou a favela por desavenças internas na quadrilha. Depois ele se mudou para o Complexo do Alemão, onde vivia em uma casa de três andares.
Ontem, o Complexo do Alemão viveu um momento de descontração. O conjunto de favelas, que inclui a Vila Cruzeiro, onde criminosos foram expulsos pela polícia, recebeu dezenas de turistas vindos de várias partes do país. A área que anteriormente era frequentada apenas pelos moradores da Penha, na Zona Norte, virou atração até por causa da presença militar da Brigada de Paraquedista e da Marinha, além de policiais de várias delegacias e do Batalhão Especial de Operações Especiais (Bope). Os turistas não se limitaram a tirar fotos do complexo, mas também dos militares e alguns queriam subir a favela para conversar com moradores, uma atitude difícil de tomar antes da presença das tropas.