Brasil

Bope encontra três toneladas de maconha no Complexo do Alemão

postado em 06/12/2010 08:55
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar apreendeu ontem três toneladas de maconha no Complexo do Alemão, ocupado há mais de uma semana pelas forças de segurança do Rio de Janeiro e pelo Exército. A droga estava em um muro concretado na localidade conhecida como Fazendinha, onde os policiais chegaram depois de receber uma denúncia anônima. Há alguns dias, em uma só ação deflagrada pelo Bope, foram encontradas 40 toneladas de maconha, a maior apreensão feita no estado. No sábado, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou que militares da Brigada de Paraquedistas serão mantidos no complexo por tempo indeterminado.

A apreensão das três toneladas de maconha é mais um golpe no narcotráfico fluminense, que já teve perdas de mais de R$ 100 milhões, segundo avaliação do comando da Polícia Militar. A droga só foi encontrada por meio de uma denúncia, já que estava enterrada em uma área concretada, dentro de uma casa em construção. O material foi levado para o 16; Batalhão da Polícia Militar, em Olaria, onde estão concentradas as ações das Forças de Segurança, incluindo o Exército e os veículos blindados da Marinha. A apreensão contou a ajuda de cães farejadores.

Com a última operação, sobe para mais de 35 toneladas o volume de maconha recolhida no Complexo do Alemão, depois da chegada da polícia, que também descobriu 313 quilos de cocaína, 136 fuzis, 169 pistolas e 88 granadas.

O dia ontem no Complexo do Alemão foi bem diferente do último fim de semana, quando a polícia ocupou a área. Diferente também do passado recente vivido pela comunidade, quando nem mesmo a população da região podia rezar com tranquilidade na Igreja da Penha.

Ontem, soldados do Exército garantiram a segurança dos frequentadores da Igreja e a missa matinal teve mais pessoas do que antes. Na missa da tarde não foi diferente. No sermão, o padre Alceu Luiz Webber destacou a satisfação dos moradores da comunidade e pediu orações para os comandantes das Forças. ;Felizmente estamos mais distantes dos bandidos;, afirmou o religioso. ;Quero agradecer pelos homens que cuidam da nossa segurança e pedir para que eles consigam atuar para o bem comum, do bairro e da cidade;, completou.

Além da grande frequência na missa, a Igreja da Penha passou a receber turistas, como há muito tempo não acontecia. Além de fotos do local, os turistas aproveitaram para fotografar os militares da Brigada de Paraquedistas, que faziam a segurança durante os atos religiosos. Isso aconteceu também no sábado, quando pessoas de vários estados estiveram no Complexo do Alemão para ver as forças policiais e militares.

Saldo


313kg
Quantidade de cocaína apreendida



139
Número de fuzis recolhidos



169
Total de pistolas encontradas


Estratégias pela pacificação

O comando do Exército começa a definir a partir desta semana a forma de trabalho da Força de Pacificação (Fpaz), criada para atuar nos Complexos do Alemão e da Penha. O planejamento também contará com a participação dos comandantes das polícias do Rio de Janeiro, de acordo com o que ficou definido em reunião do ministro da Defesa, Nelson Jobim, com o governador Sérgio Cabral (PMDB). O Exército poderá fazer prisões em flagrante, patrulhamentos e revistas. Mas as buscas ficarão por conta do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Polícia Civil.

A diretriz ministerial divulgada no sábado pelo Ministério da Defesa determina que o Comando do Exército organize uma Força de Pacificação para atuar exclusivamente no Complexo do Alemão. Apesar de a chefia ser de responsabilidade do Exército, a Marinha e Aeronáutica devem participar de algumas ações. A determinação de Jobim é que as outras duas forças permaneçam em condições de alocar recursos operacionais para apoiar a Fpaz. A diretriz também cria um Centro de Operações Conjuntas (COC).

No sábado, após a reunião com Cabral, Jobim anunciou que o Exército terá novas missões, em vez de apenas fazer revistas em moradores na entrada das comunidades. Uma das mudanças, conforme o ministro, é que a força subirá também nos morros. (EL).

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