Brasil

Governo anistia cerca de 80 brasileiros perseguidos pela ditadura militar

Entre os beneficiados estão o diretor José Celso Martinez Correa, a cineasta Norma Bengell e o sociólogo Betinho

postado em 10/12/2010 08:00
O Ministério da Justiça publicou na edição de ontem do Diário Oficial da União uma portaria que anistia cerca de 80 perseguidos pela ditadura militar (1964-1985). Três personalidades estão na lista daqueles que serão indenizados pelo governo federal: o diretor e ator teatral José Celso Martinez Correa e a diretora e cineasta Norma Bengell, além do sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho, que morreu em 1997.

A indenização de R$ 652,2 mil será paga à viúva de Betinho, Maria Nakano, que também passará a receber como recompensa uma quantia mensal de R$ 2,2 mil. Norma Bengell, por sua vez, será reparada em R$ 254,5 mil e receberá mensalidade de R$ 2,7 mil. Já Martinez será indenizado em R$ 569 mil e terá mensalmente em sua conta R$ 5 mil. Os julgamentos foram realizados pela Comissão de Anistia em agosto, porém oficializados somente ontem, depois da publicação das portarias, assinadas pelo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto.

De acordo com o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, as indenizações que serão pagas às vítimas de perseguição do governo militar nada mais são do que um reconhecimento de que o Estado errou em relação à perseguição política. ;Trata-se de três perseguidos políticos notórios. Nesse momento, finalmente o Estado brasileiro promove a reparação pública dessas personalidades;, afirmou Abrão. Segundo ele, desde o começo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 40 mil processos de anistia foram julgados. Para concluir o estoque de pedidos, a comissão ainda precisa analisar 15 mil casos.

Mobilizado pelas causas sociais, Betinho foi um duro crítico da ditadura. Em 1971, ele fugiu para o Chile, onde viveu exilado por dois anos e chegou a assessorar Salvador Allende. O sociólogo escapou do golpe do ditador Augusto Pinochet, em 1973. Primeiro, se refugiou na Embaixada do Panamá. Depois, mudou-se para o Canadá e também viveu no México.

Em 1986, Betinho contraiu o vírus da Aids em uma das transfusões de sangue periódicas a que se submetia para tratar da hemofilia. E passou a se engajar em movimentos em defesa dos portadores do HIV.

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