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São Paulo ainda não está preparada para as chuvas de verão

postado em 14/12/2010 19:34
São Paulo ; A cidade de São Paulo ainda não está preparada para enfrentar as chuvas de verão. De acordo com o presidente do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp), Daniel Amor, as obras previstas pela prefeitura, como a construção de piscinões para armazenar o excesso de água da chuva, estão aquém da necessidade.

A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras informou que 27 obras de drenagem estão em andamento e 22 devem ser concluídas ainda este ano. A previsão é que os investimentos em manutenção e expansão do sistema de drenagem totalizem R$ 421 milhões em 2010.

;As obras são importantes, têm que ser feitas, especialmente os piscinões, a reurbanização dos córregos;, disse Daniel Amor. Ele ponderou, entretanto, que os recursos não são suficientes para para resolver os problemas causados pelos temporais. ;havia uma necessidade bem maior;, completou.

O arquiteto ressaltou que a manutenção e limpeza das galerias de escoamento e reservatórios de armazenamento precisa ser intensificada. A terceirização desses serviços faz, segundo ele, com que a frequência da remoção dos resíduos seja menor do que o preciso. ;Esse tipo de manutenção tem que ser feita quase diariamente por equipes da casa. Não pode ser feita uma programação mensal para isso;.

Apesar da prefeitura informar que os investimentos em drenagem cresceram cinco vezes de 2004 para 2009, o urbanista do Instituto Polis, Kazuo Nakano, vê uma demora na implementação desses equipamentos. ;Desacelerou o processo de implantação do sistema de macrodrenagem metropolitano;, disse em entrevista à Agência Brasil.

Nakano disse também que a redução da impermeabilização e desassoreamento dos curso de água passam pela resolução do problema de moradia na capital. ;Tem que equacionar a demanda por moradia, principalmente dessas famílias que estão morando perto de rios, de córregos e represas, que contribuem muito para o assoreamento do canais;. Segundo a prefeitura, desde 2005, foram transferidas 6 mil famílias de áreas de risco com a urbanização de favelas

O professor de engenharia da Universidade de São Paulo, Rodolfo Martins, reconhece que a cidade tem ;um passivo de obras muito grande;, mas acha que a prefeitura está se esforçando para resolver o problema das enchentes. Para ele, as inundações são causadas pelo modelo de urbanização utilizado ao longo dos anos. ;A cidade começou a briga com o rio;. Por isso, segundo Martins, não existem soluções capazes de resolver o problema rapidamente. ;É um processo relativamente longo desfazer tudo isso;. Caso a prefeitura e o governo do estado tomem as medidas necessárias, Martins acredita que entre cinco dez anos a cidade poderá ter uma ;convivência melhor; com os cursos de água.

Com o temporal de ontem (13), a cidade de São Paulo registrou 81 pontos de alagamento, dos quais 15 ficaram intransitáveis, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). No verão de 2009, os temporais causaram 18 mortes na capital. O bairro do Jardim Romano, na zonal leste, teve parte de suas ruas inundadas por quase dois meses.

De acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Fabrício Daniel dos Santos, as tempestades observadas na última estação chuvosa foram influenciadas pelo fenômeno El Niño, que causa chuvas intensas no Centro-Sul do país. Este ano, com o La Niña, as chuvas não serão tão fortes. Mesmo assim, Santos alertou que o verão sempre trás dias de ;chuvas intensas;. E nessas ocasiões a capital paulista continuará sofrendo com as inundações.

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