postado em 18/12/2010 15:56
O secretário de Segurança do estado do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou neste sábado (18/12) que é fundamental o engajamento da sociedade civil, principalmente dos empresários, no projeto das unidades de Policía Pacificadora (UPPs). Beltrame inaugurou centros de cidadania e tecnologia da informação patrocinados pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) em três comunidades pacificadas.;Eu acho [a participação das empresas] até mais importante [que a pacificação]. Pois o que nós estamos fazendo é criando a ambiência para isso chegar, o que antes não existia. A gente assiste aqui a ações fortes e bem elaboradas como as do Sistema Firjan e isso tem que ser um exemplo para a iniciativa privada. É hora de todos nos engajarmos. É hora de todos irmos em frente;, afirmou Beltrame.
O secretário inaugurou as unidades, batizadas de Indústria do Conhecimento, nas comunidades do Morro da Providência, do Morro do Andaraí e da Cidade de Deus. Beltrame fez um balanço positivo dos dois anos da política de UPPs no Rio, que atualmente conta com 13 comunidades pacificadas, de um total de 40 plajenadas.
;A gente começa agora, depois de dois anos, a ter a iniciativa privada apresentando estruturas concretas de atendimento a demandas sociais. Avançamos de maneira consistente no sentido de melhorar a vida de todos. Mas tem muita coisa para se fazer, não tem jogo ganho. Sabemos a dimensão do problema;, disse o secretário.
Cada núcleo conta com dez computadores e biblioteca com 1,5 mil volumes, em um investimento inicial médio de R$ 200 mil. Os recursos de manutenção também são bancados pela Firjan, por meio do Serviço Social da Indústria (Sesi), que paga o salário de um auxiliar de biblioteca e de um contador de histórias.
Segundo a superintendente regional do Sesi, Maria Lúcia Telles, com a retomada das comunidades, foi possível retomar os investimentos privados. ;Com a pacificação, as possibilidades são enormes. Agora temos segurança para chegarmos juntos da comunidade;, disse Maria Lúcia. A Firjan já instalou 11 unidades de cidadania em UPPs.
Entre os beneficiados estão jovens que trocaram o crime pelo aprendizado e por uma perspectiva de futuro profissional, como X. Y. [iniciais fictícias], de 21 anos. No tráfico desde os 14 anos, com a chegada da UPP no Andaraí, ele decidiu deixar para trás a vida do crime e agora cursa eletromecânica no Senai.
;Eu decidi sair do crime por influência da minha mãe, da minha esposa e da filha que eu tenho. Sinto falta de algumas coisas, mas está mais tranquilo agora. O dinheiro era sujo, não era honesto;, contou o jovem, que atuava como segurança em um ponto de venda de drogas, armado com pistola e metralhadora. ;Eu estou tendo uma vida mil vezes melhor agora. O tráfico não dá futuro. Quero acabar os meus estudos e trabalhar. Não quero voltar atrás;, disse o rapaz que, dos velhos tempos, ainda guarda o sentimento de perseguição. Enquanto fala com o repórter, olha constantemente para os lados, com medo de estar sendo observado por algum antigo companheiro.