Recife ; Um dos mais rumorosos casos de assassinato do país neste ano segue sem explicação aparente. Amigos e familiares do supervisor de vendas Rogério Damascena, 27 anos, que lotaram o velório do rapaz, foram unânimes em descartar a possibilidade de ciúme para o assassinato da própria noiva e do padrinho no meio da festa de casamento.
Na madrugada de sábado para domingo, Rogério atirou na mulher com quem acabara de se casar, a advogada Renata Alexandra Coelho, 25 anos, e em Marcelo André Zloccowick Guimarães, 40 anos, padrinho do casamento. Os rumores a respeito de um eventual envolvimento entre Renata e Marcelo, que serviria de explicação para o crime, foram rechaçados pelos amigos. Rogério, logo depois de efetuar os disparos, atirou contra a própria cabeça.
Boa parte dos convidados para a recepção, em um condomínio de luxo em Aldeia, no município de Camaragibe (PE), região metropolitana de Recife, estava no velório de Rogério, que foi enterrado na tarde desta segunda-feira (20/12). Compreensivelmente abalados, os amigos do rapaz disseram que ele era muito calmo e que a atitude pegou todos de surpresa.
O corpo de Marcelo Guimarães foi embalsamado e ainda aguardava a chegada de familiares da Itália para ser sepultado no Cemitério Morada da Paz. A noiva também foi enterrada ontem.
O delegado Victor Leite, do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), ficará responsável pelas investigações.
Renata e Marcelo morreram no local. Rogério foi carregado pelo pai, João Bosco Pimentel Damascena, até o Hospital da Restauração (HR). Às 8h30, o hospital anunciou que ele teve morte cerebral.
Rogério anunciou "uma surpresa"
De acordo com a análise inicial da polícia, o crime foi premeditado pelo próprio noivo, Rogério Damascena, que, minutos antes da tragédia, chegou a anunciar para os convidados que eles iriam ter ;uma grande surpresa;.
Rogério e Renata haviam se casado no civil na sexta-feira passada. A festa de sábado, uma celebração espírita contratada para 200 convidados, foi um presente da família da noiva e só terminaria com um café da manhã.
De acordo com o delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), João Brito, há evidências suficientes de que o crime foi planejado. ;Eram cerca de 2h e a festa estava no auge, quando o noivo saiu do salão dizendo que tinha uma surpresa e voltou já atirando na mulher;, informou o delegado.
Tudo indica que a arma usada pelo supervisor de vendas, uma pistola calibre .38, estava escondida dentro de uma caminhonete, de propriedade do pai de Rogério. ;Visitamos o local e fizemos várias análises técnicas. Descobrimos que ele sacou a arma e atirou contra a noiva na região do tórax. Ela, acuada e sem chance de defesa, partiu para cima dele. Logo depois, o rapaz efetuou o segundo tiro, atingindo-a na cabeça. Ele ainda atirou várias vezes na direção do padrinho, que era também seu chefe e amigo. Mesmo após perceber que Marcelo já estava ferido, deu um tiro na nuca dele. Depois, atirou na própria cabeça;, contou o delegado.
A arma não foi localizada. Em depoimento no DHPP, o pai de Rogério, João Bosco Damascena, disse que não sabia do paradeiro dela. ;Não sei onde ela foi parar. Na hora, só pensei em socorrer meu filho. Para ser sincero, nem sabia que ele tinha uma pistola. Meu filho é uma pessoa boa, nunca faria mal para os outros. Ele vai responder por tudo;, disse o pai, antes de saber que Rogério já apresentava morte cerebral.