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Águas inundam ruas de São Paulo, arrastam carros e ilham motoristas

postado em 08/01/2011 08:00
Carro quase submerso em uma das várias vias alagadas na Zona Leste de São Paulo: trânsito ficou completamente parado na regiãoSão Paulo ; Os moradores da maior cidade do país viveram ontem um dia que beirou o caos. As fortes chuvas que inundaram São Paulo desde o meio da tarde causaram estragos em várias regiões da cidade, especialmente na Zona Leste, onde uma mulher morreu em um desabamento. A tempestade provocou acidentes, deixou carros desgovernados em meio às correntezas das avenidas inundadas pelo transbordamento do córrego Aricanduva, na Zona Leste, e assustou motoristas, que tiveram de abondanar os carros em busca de lugares seguros.

Um senhor que ficou ;ilhado; no próprio carro durante duas horas só conseguiu escapar da enchente com a ajuda de homens do Corpo de Bombeiros, que usaram botes para fazer o resgate. Ele aguardou o resgate debruçado sobre a janela do veículo, um Fiat Uno branco, para que a água não lhe atingisse. Outros não tiveram a mesma sorte e precisaram subir sobre o carro na tentativa de escapar das águas, que, em alguns pontos da capital paulista, ultrapassaram a altura dos vidros dos veículos.

O Aeroporto de Congonhas foi fechado para pousos e decolagens por 26 minutos, segundo informações da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). O último balanço divulgado pela Defesa Civil do estado apontava um total de 10 mortes causadas pelas chuvas. Uma das vítimas foi uma mulher de 35 anos que estava dentro do carro quando foi arrastada pela correnteza do córrego Barroca Funda, em Limeira.

Outra mulher não identificada morreu em um desabamento ocorrido no fim da tarde, também na Zona Leste da capital. Ela estava em um imóvel no Jardim Tietê e não resistiu à queda de uma laje, conforme informou em entrevista à Record News o capitão do Corpo de Bombeiros Renato de Natale Júnior. No mesmo local, outras duas mulheres ficaram feridas.

O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) informou no fim da tarde de ontem que toda a cidade de São Paulo estava em estado de atenção, sendo que as regiões de Aracanduva e Vila Formosa, na Zona Leste, ficaram em estado de alerta. Segundo o CGE, quatro pontos de alagamento se formaram na capital.


Protesto com fogo
São Paulo ;
O já complicado trânsito de São Paulo praticamente parou entre o fim da tarde de ontem e o começo da noite. Foram registrados 125 quilômetros de engarrafamento, sendo que algumas vias da Zona Leste ficaram completamente intransitáveis no começo da noite. Na Avenida Aricanduva, comerciantes se mobilizaram para ajudar os motoristas. O trânsito só foi liberado no local depois das 20h30, quando as pessoas começaram a retornar aos carros que haviam abandonado durante o temporal.

Os bairros mais afetados pela chuvas foram Vila Prudente, São Mateus, Itaquera, Mooca, Aricanduva, Vila Formosa, Ipiranga, Vila Mariana e Pinheiros. Na Grande São Paulo, a chuva atingiu os municípios de Cotia, Embu, Itapevi e Taboão da Serra.

Revoltados com mais uma enchente, manifestantes se juntaram por volta das 17h30 na Avenida Sapopemba e atearam fogo em um caminhão e um ônibus. Em Mauá, na Grande São Paulo, uma concessionária de veículos ficou alagada e teve de fechar as portas. Na cidade, o Rio Tamanduateí transbordou e alagou as principais vias. A estação de trem do município também foi atingida e ficou debaixo d;água. No começo da semana, duas pessoas de uma mesma família morreram soterradas em um deslizamento.

As chuvas foram causadas pelo aquecimento durante o dia associado com a grande umidade da atmosfera. Segundo a previsão da meteorologia, outras áreas de chuva se formaram em vários municípios da Região Metropolitana de São Paulo, e há o risco de novos temporais ao longo do fim de semana. O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) alerta para o risco de novos transtornos, como alagamentos, queda de árvores e deslizamentos de terras.


No Rio, quase 70 mil sofrem
; Um boletim da Defesa Civil do Rio de Janeiro, divulgado ontem, apontou que o estado já contabiliza um total de 68.594 pessoas atingidas pelas chuvas desde dezembro do ano passado. Muitas já voltaram para casa, mas 495 permanecem desalojadas e 189, desabrigadas. Um dos municípios mais atingidos foi Teresópolis, onde 139 pessoas estão desalojadas. Petrópolis registrou três mortes provocadas pelas chuvas. Na quinta-feira, a prefeitura do Rio havia divulgado um mapeamento que detectou 18 mil residências em áreas de alto risco. No sul de Minas Gerais, o forte temporal que atingiu a cidade de Campanha, no fim da noite de quinta-feira, elevou o nível do Rio Santo Antônio, provocando o alagamento de pelo menos 50 casas na madrugada de ontem.


No interior, cenário parecido
Em Piracicaba, nada menos que 22 estabelecimentos foram alagadosSão Paulo ;
Nas demais cidades do estado de São Paulo, pelo menos 7 mil pessoas abandonaram suas casas nos últimos dias por causa das chuvas que atingem a Região Sudeste do país. Ontem foi o segundo dia de temporais no interior paulista, que já deixaram estragos em municípios como Piracicaba, que registrou sua pior enchente das últimas duas décadas. Os principais pontos turísticos da cidade foram atingidos pela chuva, que acabou inundando também restaurantes, bares e lanchonetes, em um total de pelo menos 22 estabelecimentos comerciais. De acordo com a Prefeitura de Piracicaba, além do rio de mesmo nome a chuva atingiu também o Rio Corumbataí.

Em Americana, uma rede de galerias foi rompida pela força das águas, formando uma cratera de 30 metros de profundidade. O buraco fechou a principal estrada de ligação da cidade com a vizinha Paulínea. Um caminhão caiu na cratera, perdendo grande parte da mercadoria. A chuva também causou estragos em cidades como Limeira, Atibaia, Capivari, São João da Boa Vista, entre outras, onde as águas invadiram casas e causaram estragos para os moradores.

Em todo o estado de São Paulo, choveu nos últimos três dias a quantidade esperada para um mês. Até a noite de ontem, uma cidade paulista estava em estado de alerta, 22, em estado de atenção e 91, em situação de observação.

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