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Brasiliense não consegue contato com o pai, que mora em Nova Friburgo

postado em 14/01/2011 08:52
A angústia tomou conta daqueles que têm parentes nas áreas devastadas pela chuva e ainda não conseguiram contato com os familiares. É o caso de Daniele Barreto, 28 anos, que tenta buscar notícias sobre o pai, a tia e os avós desde a manhã de quarta-feira. Moradora de Brasília, ela passa por um drama vivenciado também por centenas de pessoas que não conseguem informações sobre os entes que moram nas cidades arrasadas pela enchente.

Daniele relatou que seu pai, o militar da reserva e advogado Hélio da Rocha Barreto, 63 anos, mora no bairro de Conselheiro Paulino, um dos mais atingidos da cidade de Nova Friburgo. ;Comecei a tentar falar com ele na quarta-feira de manhã, mas os telefones de lá só dão ocupado. Liguei na Defesa Civil e no Corpo de Bombeiros, e ninguém tem informação nenhuma. Não tenho muito o que fazer porque até a própria cidade está sem acesso. Com certeza, ele não conseguiria me ligar de lá;, avaliou Daniele, que é jornalista da equipe de assessoria de imprensa da Universidade de Brasília (UnB). Angustiada com a falta de notícias, ela tem preferido trabalhar, ;por não ter muito o que fazer, senão esperar um contato;.

Em Nova Friburgo, a Defesa Civil e a prefeitura não souberam precisar a quantidade de famílias que continuam ilhadas dentro de casa. O ex-prefeito da cidade Paulo Azevedo e o filho Mateus estavam entre os desaparecidos até o fechamento desta edição. Durante todo o dia de ontem, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil recolhiam corpos e resgatavam pessoas isoladas pela chuva.

Alguns bairros estão incomunicáveis, sem telefone e nem energia elétrica. O sinal de telefone celular também está comprometido em grande parte da região. Esse cenário alimenta a esperança de Daniele de ter em breve um contato com o pai. ;Quando eu descobri que o bairro onde ele mora é o de maior número de vítimas fiquei mal. Mas sei que ele pode estar bem, e só ilhado mesmo;, disse.

A busca por informações de pessoas desaparecidas deve ser feita junto às prefeituras. No entanto, os municípios não têm conseguido atender as inúmeras ligações e nem concentrar as informações. A Defesa Civil do estado não informa a identidade das vítimas. Diz que essa é uma atribuição dos municípios. ;No momento, ainda estamos focados em salvar vidas. Estamos correndo contra o tempo;, afirmou uma funcionária da Defesa Civil, que pediu para não ser identificada.

Em Teresópolis, a prefeitura divulgou ontem uma lista parcial com o nome dos primeiros mortos identificados. De acordo com a Defesa Civil municipal, os nomes serão divulgados à medida que os corpos forem liberados pelo Instituto Médico Legal (IML), que está funcionando de maneira improvisada em uma delegacia. Centenas de pessoas estão na porta do local desde a noite de quarta-feira. O clima é de extrema tristeza. Parentes choram muito e funcionários fazem plantão na tentativa de agilizar o processo de identificação e liberação dos corpos.

As chuvas atingiram seis dos nove cemitérios da cidade, que tiveram de ser interditados. Dos três que estão em pleno funcionamento, o maior é o Cemitério Municipal de Teresópolis, onde 145 covas foram preparadas, com o apoio de uma retroescavadeira. A administração do local não está autorizando velórios, mas apenas os sepultamentos, tamanha a quantidade de corpos que chegaram durante todo o dia ao cemitério.

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