postado em 15/01/2011 09:13
Com a rede elétrica e as linhas telefônicas danificadas em grande parte das áreas atingidas pelas enchentes e pelos deslizamentos de terra na região serrana do Rio de Janeiro, muitas pessoas utilizam a internet via satélite para comunicar a situação de bairros, pedir ajuda e tentar localizar desaparecidos.Da capital fluminense, por exemplo, um estudante de jornalismo utiliza o Twitter para transmitir todas as notícias que recebe sobre a situação nos municípios atingidos. Bernardo Dugin, 21 anos, tem passado várias horas ao vivo pela webcam nos últimos dias trocando informações com outros moradores sobre supermercados, bancos e drogarias abertos na região, tentando, também, auxiliar internautas sobre como buscar notícias dos desaparecidos. Por meio de rádio e de programas de mensagens instantâneas, ele recebe questionamentos, depoimentos e informações que divulga em tempo real. Sobreviventes também utilizam o espaço para contar suas histórias.
A iniciativa partiu da vontade do próprio estudante, que buscava informações sobre seus familiares. Há três anos, ele se mudou de Nova Friburgo para o Rio de Janeiro para estudar, mas vários parentes continuaram morando na cidade, que foi uma das mais afetadas pelo desastre. Na última quarta-feira, Bernardo conseguiu entrar em contato com uma tia, e ela informou que os pais e o irmão do estudante estavam vivos e passavam bem. Após receber notícias dos parentes, o rapaz seguiu na busca por informações sobre amigos e resolveu expandir a rede de contatos para ajudar outras pessoas.
Na tarde de quarta-feira, ele fez o primeiro intervalo na transmissão, após saber que os tios-avós, a filha e a neta deles haviam morrido soterrados. Pensando em outras pessoas que passavam pela mesma agonia e tristeza que ele, em pouco tempo voltou ao ;trabalho;.
Ontem foi o terceiro dia de plantão de Bernardo no Twitter. Em três dias, ele alcançou mais de mil seguidores. Na tarde de sexta-feira, mais de 900 usuários acompanhavam o estudante durante uma transmissão ao vivo. O jovem afirma que, apesar do cansaço, enquanto puder vai continuar ajudando as pessoas por meio da transmissão de notícias e troca de informações. Moradora de Brasília, Daniele Barreto, 28 anos, é uma das pessoas que acompanham as postagens de Bernardo. Ela busca notícias sobre o pai, desaparecido desde a última quarta-feira em Nova Friburgo.
Twitter e Facebook
Comunidades criadas em duas das redes sociais mais populares do país, o Twitter e o Facebook, também recebem mensagens de moradores com relatos sobre as condições das pessoas abrigadas nas cidades devastadas. Recados de solidariedade e informações sobre como fazer doações também ajudam a preencher os fóruns de discussão criados para falar sobre o incidente.
Um dos moradores de Teresópolis organizou voluntariamente uma lista de sobreviventes, cujos nomes foram separados por bairro onde moram. Alguns dos internautas conseguiram identificar conhecidos e parentes, mas outros ainda buscam informações sobre o paradeiro de amigos e familiares.
Força-tarefa das telefônicas
O governo federal pediu ontem que as operadoras de telefonia apresentem um plano estratégico para restabelecer o sistema de telecomunicações nas áreas afetadas pela tragédia na serra fluminense. De acordo com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, os presidentes das empresas foram contatados por ele e pelo secretário executivo do ministério, Cézar Alvarez, para saber como as companhias podem atuar em conjunto para levantar torres de transmissão e restabelecer a comunicação na região.