Brasil

Moradores de distrito de Teresópolis se unem contra saques

postado em 16/01/2011 13:31

Em meio a ameaças e tentativas de roubo, moradores de Cruzeiro, distrito afastado do centro de Teresópolis, uniram-se para evitar saques. Desde o temporal que castigou a região serrana fluminense, na última quarta-feira (12), todas as noites, grupos de 20 a 30 homens se armam com pedaços de pau e ferramentas para proteger o patrimônio que não foi destruído pela chuva.

Segundo os moradores, logo na primeira noite, um grupo de motoqueiros, acompanhados de um caminhão baú, tentou saquear casas e lojas da pequena localidade. Desde então, eles se revezam para proteger o local.

;A gente se reuniu e disse: ;se a gente sair daqui da rua, vai todo mundo voltar para tentar saquear;;, disse Natanael Lucas Cardoso, 52 anos, que mora há 42 anos na comunidade de Cruzeiro.

O acesso à área continua difícil, já que muitas barreiras deslizaram, bloqueando parcialmente a estrada. Os moradores estão sem água e luz desde o temporal. E o cenário é de muita devastação.

Com as chuvas, o pequeno córrego Santa Rita se transformou num rio caudaloso que saiu destruindo casas, além do armazém, padaria e o prédio da associação de moradores. Algumas casas foram quase completamente cobertas pela enxurrada.

Em uma moradia de dois andares, às margens do rio, é possível ver a marca do barro até o telhado. ;Fui nascido e criado aqui. Essa é a primeira vez que vejo um desastre deste aqui;, afirmou Alessandro de Oliveira, 33 anos.

O rio também destruiu a casa de Antônio Carlos Vidal, 43 anos, e a de suas três irmãs. ;Perdemos a casa e tudo que tínhamos. Quando veio a enchente, só deu tempo para sair de casa. Agora, estou na casa da minha prima;, disse Vidal, que morava com a mulher e a filha na casa destruída.

No sítio do bancário Sérgio de Paula, 54 anos, as águas do rio destruíram o pomar, a horta e uma casa anexa à residência principal, que, por sua vez, foi inundada pelas águas. Morador da cidade do Rio, Sérgio disse que o desastre não o fez desistir da ideia de se mudar permanentemente para o sítio depois que se aposentar, no fim do ano. ;O que aconteceu aqui não vai acontecer de novo. A vida continua.;

Márcio de Carvalho, 28 anos, morava na casa anexa do sítio, destruída pela correnteza do rio. Ele estava no local na hora da enxurrada. ;Ouvi um barulhão. Quando abri a porta para ver, a água já estava invadindo tudo. Consegui sair com a água pelo pescoço. Perdemos tudo, mas não perdemos a vida.;

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