postado em 20/01/2011 08:40
Para um animado grupo de jovens, as férias escolares são o período ideal para ajudar o próximo. Diante de toda a tragédia com as chuvas no Rio de Janeiro, 29 grupos escoteiros de Brasília e do Entorno se unem voluntariamente ao trabalho da Cruz Vermelha e do Corpo de Bombeiros desde a última terça-feira, para doar tempo e esforço.O trabalho começa cedo. Antes das 5h já tem gente chegando ao galpão do Grupo de Escoteiros Caio Martins para juntar todo o material arrecadado, fazer a triagem e prepará-lo para a viagem até o Rio. Cerca de 100 jovens entre 12 e 20 anos se revezam em turnos entre os adultos. Os turnos não são fixos e, muitas vezes, alguns trabalham até 12 horas em um único dia, como atesta a chefe da tropa escoteira Nadja Süffert.
O trabalho é aberto a qualquer um que tenha vontade de participar. Para os escoteiros, toda ajuda é importante. Neste momento, por exemplo, do que eles mais precisam são caixas reforçadas para que as doações cheguem em bom estado à região serrana.
As notícias que chegam dos desabrigados informam que a maior necessidade é de água e isso é o que mais se vê no galpão. Cerca de 100 mil litros de água potável, divididos em garrafas de todos os tamanhos e galões de 5 litros, já serão despachados. Uma carreta da Cruz Vermelha, com previsão de chegada ao Rio na manhã de hoje, leva boa parte desse carregamento.
;A nossa maior motivação é saber que estamos ajudando. Essa é a nossa lei de escoteiro: ajudar o próximo em toda e qualquer situação;, anima-se o jovem Márcio Araújo, 14 anos, ao explicar por que deixou as férias de lado para passar o dia carregando caixas e produtos.
Sempre animados e em meio a brincadeiras, os escoteiros são extremamente ágeis no trabalho. Nesse ritmo, conseguem esvaziar uma carreta com diversos materiais e, logo em seguida, enchê-la com outros produtos a serem despachados, em pouco mais de uma hora. A organização do trabalho é feita no modelo que eles chamam de ;formiguinha;. Uma fila de cerca de 30 voluntários é formada e os produtos passam de mão em mão até chegar no caminhão.
Para Letícia de Carvalho, escoteira e voluntária, não é possível ficar parado vendo a tragédia acontecer, ;nós, que temos tudo, precisamos ajudar quem não tem nada, é isso que nós gostaríamos que eles fizessem por nós se as posições fossem invertidas;.
SERVIÇO
Quem quiser ajudar pode levar doações ao galpão do Grupo de Escoteiros Caio Martins, no Setor Militar Urbano (QRS 826). Informações: 3233-3416.
Cruz Vermelha envia 53 toneladas de doações
A Cruz Vermelha encaminhou à região serrana do Rio cerca de 53 toneladas de doações para as vítimas dos desabamentos e enchentes da semana passada. Dois caminhões lotados de alimentos não perecíveis, água, leite e produtos de limpeza já deixaram São Paulo e, assim que chegarem ao local da tragédia, os produtos serão separados, organizados e encaminhados para as áreas necessitadas. De acordo com a auxiliar de projetos sociais da Cruz Vermelha Karina Mendes Roldão, as pessoas podem doar também alimentos de fácil preparo e produtos que não precisem de água para serem preparados. ;Também é bom que sejam doados biscoitos para as crianças, sucos instantâneos, sopas prontas e achocolatados.; Não devem ser doados produtos com prazo de validade muito curto, como pães de forma, por exemplo.
Segundo Karina, a Cruz Vermelha está precisando de voluntários para ajudar na triagem e embalagem dos produtos e de transportadoras que possam ceder caminhões para transportar as doações. Os interessados em colaborar podem obter mais informações pelo telefone (11) 5056-8652 e pelo site www.cvbsp.org.br.
OAB-RJ critica falta de legislação
; O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro, Wadir Damous, criticou ontem a falta de uma legislação específica no país sobre casos de tragédias e catástrofes, como a que ocorreu na região serrana do Rio. ;Tragédias como essa vêm se repetindo ao longo dos anos, e, a cada vez que acontece, é de forma mais grave. Pretendemos apresentar uma proposta de projeto ao Congresso Nacional do que estamos chamando de Lei de Responsabilidade Social, que prevê sanções aos administradores que não façam, durante todo o ano, investimentos para prevenir tragédias como essa;, afirmou. A OAB já propôs ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) providências e responsabilidades sobre os desastres decorrentes das chuvas no país e principalmente no Rio. O objetivo é fiscalizar ações de prevenção por parte das autoridades para que esses acontecimentos não se repitam.