postado em 23/01/2011 12:15
Vestido com um uniforme preto e cinza, semelhante ao usado pelos soldados da Força Nacional de Segurança, Cefas Querois é mais um daqueles que tentaram resgatar sobreviventes e encontrar corpos após a tragédia que destruiu grande parte da região serrana do Rio de Janeiro. A diferença é que o metalúrgico de Santa Catarina, ao contrário dos militares da Força Nacional, não recebe nada para trabalhar e ainda paga com recursos do próprio orçamento todas as despesas de locomoção e hospedagem.Formado em Física, Querois contou à Agência Brasil, em meio ao trabalho de revirar a lama e os escombros em busca de vítimas da tragédia no Vale do Cuiabá, em Petrópolis, que deixou uma vida tranquila em Brasília para ganhar quatro vezes menos em Santa Catarina e atuar sempre que possível no socorro a vítimas de desastres. No Rio há dez dias, ele resgatou 30 pessoas com vida e 11 corpos.
;Tinha um curso de resgate em floresta, da época em que fazia rapel, e decidi ir a Santa Cataria após as chuvas que atingiram o estado. Lá, percebi que tinha um dom e que poderia ajudar pessoas vítimas desse tipo de tragédia;, afirmou. De professor de cursinho passou a metalúrgico.
;Deixei meu conforto e mudei minha vida. Em Santa Catarina, ajudei a localizar 22 corpos soterrados e em Niterói [RJ] outros oito corpos. Não me arrependo. Descobri que nasci para isso. Tenho sangue frio, habilidade, consigo me orientar pelo cheiro, além de buscar sempre capacitação;, disse Querois, que está tentando economizar recursos para fazer um curso na Nasa, a agência espacial norte-americana.
;Já tinha boa parte do dinheiro para ir aos Estados Unidos, mas infelizmente houve essa tragédia aqui no Rio e não tinha como não vir. Agora, é trabalhar mais e tentar economizar novamente;, afirmou. Para chegar à região serrana fluminense, ele disse que já gastou mais de R$ 2 mil.
Querois utiliza máscara de vapores orgânicos, bota, joelheira, capacete, tudo adquirido com o próprio salário de pouco mais de R$ 1 mil. ;Foram mais de R$ 3,5 mil na compra dos equipamentos. Compro pela internet, entro em contato com as fábricas e vou dividindo para conseguir pagar;.
Para estar nos locais de desastres naturais, Querois não conta apenas com a sua dedicação, mas também com a compreensão do supervisor na metalúrgica. ;Meu chefe honradamente me dispensou;.