postado em 24/01/2011 08:59
Enquanto alguns estados do Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, sofrem com fortes chuvas, enchentes e deslizamentos, o governo do Rio Grande do Sul está em alerta para enfrentar a seca que começa a prejudicar a economia da região. Onze cidades localizadas no sudeste do estado decretaram situação de emergência e o município de Aceguá, distante cerca de 430 quilômetros da capital, Porto Alegre, deve ser o 12; da lista. A prefeitura municipal já enviou um decreto de situação de emergência à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil gaúcha.Em todos os municípios afetados, os prejuízos ultrapassam os R$ 140 milhões, segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócios do estado. Lavras do Sul, que decretou estado de emergência no último dia 11, contabiliza R$ 31,5 milhões de perdas devido à estiagem. Segundo o vice-prefeito, Paulo César dos Santos, a agricultura de sustentação local sofreu perda superior a 80%. A seca atingiu todo o interior do município e as propriedades precisam ser abastecidas com água potável e cestas básicas. O produtor de gado Rafael Abascal é um dos prejudicados. Ele afirma que o rebanho de bezerros deve ser 40% menor neste ano. ;O problema é que, no ano que vem, nosso rendimento também vai ser menor porque a produção deste ano tem efeito no próximo;, lamenta ele, que também teve plantações de arroz prejudicadas. ;Isolamos parte da lavoura por falta de água.;
Vítimas fatais
Apesar da situação alarmante nesses municípios devido à estiagem, outras seis cidades do estado foram atingidas por enxurradas. Quatro delas ; Arroio do Sal, Torres, Terra de Areia e Três Cachoeiras ; decretaram estado de emergência, segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul. O mesmo tem ocorrido em Santa Catarina, estado vizinho. Até ontem, as autoridades estaduais registraram cinco mortes e 17,3 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas por conta das chuvas.
Além do Rio de Janeiro, que teve a região serrana devastada na última semana, Minas Gerais enfrenta situação alarmante. Um balanço da Defesa Civil mineira aponta 94 cidades em estado de emergência devido a enchentes que já atingiram 145 municípios. As chuvas também destruíram mais de 100 pontes e danificaram outras 360. Em São Paulo, 61 municípios pediram socorro, segundo a Defesa Civil estadual. A capital paulista tem sofrido com constantes inundações, que provocaram, na sexta-feira, queda de árvores e falta de energia.
Mudanças climáticas
O tamanho continental do Brasil, com área de mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, permite a atuação de diversos fenômenos climáticos na mesma época (veja arte). Segundo a meteorologista do grupo do clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ariane Frassoni, o Rio Grande de Sul é intensamente afetado pelo fenômeno La Niña. Ela explica que o fator muda a circulação dos ventos e provoca a passagem mais rápida das frentes frias, impossibilitando chuvas.
Zonas de convergência dos canais de umidade também atuam sobre o estado e o restante da Região Sul. Elas saem da Amazônia, passam pelo Centro-Oeste e chegam ao Sudeste, formando um corredor de umidade, segundo o meteorologista do Inpe José Felipe Farias. No Norte do país há ainda a atuação da zona de convergência intertropical ; áreas de baixa pressão que favorecem a formação de nuvens.