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MG:Polícia Militar implanta novo sistema de repressão às saidinhas de banco

Pedro Ferreira
postado em 27/01/2011 17:30
A Polícia Militar pretende manter uma ação contínua até o fim do ano para reduzir drasticamente os crimes conhecidos como saidinha de banco, em que as vítimas são atacadas por ladrões depois de sacar grandes quantias em dinheiro nas agências de Minas Gerais. De acordo com a assessora de comunicação do Comando de Policiamento da Capital (CPC), tenente Débora Santos, o crime vem sendo diagnosticado desde 2008, quando surgiu na capital mineira, e prevalece nos primeiros dias do mês, quando são feitos os pagamentos de salário, com pico no dia 5. "Houve queda nos meses em que a PM lançou novas operações, mas quando as pessoas foram caindo no esquecimento da prevenção, aumentou novamente", disse a tenente.

A grande expectativa da PM para diminuir os crimes é a entrada em vigor de duas leis sancionadas no último dia 13 pelo governador Antônio Anastasia (PSDB). Elas começam a valer em julho e proíbem o uso de celulares em agências bancárias do estado e determinam a instalação de divisórias ou biombos nos caixas. As mesmas medidas foram adotadas em João Pessoa (PB), que registrou queda de 90% na saidinha de banco, e em Aracaju (SE), de 95%, segundo a tenente.

A partir desta quinta-feira, a PM mineira reforça a campanha para prevenir as pessoas, distribuindo dicas. Uma delas é evitar grandes saques e preferir transferências bancárias. Também será adotada uma estratégia de aproximação da polícia com gerentes bancários. Comandantes de todas as companhias da PM de BH vão às agências conversar diretamente com eles, esclarecendo os principais problemas de cada região e propor soluções. "Queremos criar redes de vigilância integradas com a PM e um canal direto com os bancos para denunciar suspeitos", disse a tenente. Outra ação é conscientizar clientes de bancos de que a restrição do uso do celular vai trazer certo desconforto no início, mas vai aumentar e melhorar a segurança para todos.

Novas táticas de policiamento também serão adotadas. A PM, segundo Débora, prefere o policiamento preventivo, com patrulhas, orientação e abordagens para identificar suspeitos. Mas, agora, também vai trabalhar com o foco repressivo, relocando reforços de policiamentos já existentes, que são o Tático Móvel e os batalhões especializados, em dias de maior incidência de saidinha de banco. "Quando necessário, haverá reforço do expediente administrativo," disse Débora. O policiamento com motos também será intensificado, pois é o principal veículo usado pelos ladrões para escapar dos congestionamentos de trânsito.

O comportamento das pessoas pode ajudar na redução do crime. "Elas têm que acreditar que podem serem vítimas. Não é porque estão perto de casa, ou acompanhadas, que vão deixar de ser roubadas. É preciso entender que sacando grande quantia em dinheiro elas se tornam vulneráveis a esse tipo de crime", alerta a tenente.

Outra orientação da PM é chamar a polícia sempre que perceber que está sendo monitorado por suspeitos. A regra é nunca reagir ao assalto. "O bem patrimonial pode ser recuperado, mas a vida, infelizmente, a gente só tem uma", disse a tenente, lembrando que a vítima deve tentar manter o controle, evitar movimentos bruscos e observar as características do agente, mesmo que ele esteja de capacete. "Deve observar a roupa e outros detalhes do autor. Assim que estiver em segurança, telefonar para a polícia e passar as informações".

Migração


Levantamentos da PM revelam que em 2010 os crimes de saidinha de banco migraram da Região Noroeste de Belo Horizonte para a Centro-Sul. Em 2009, a Noroeste era o principal foco dos ladrões e um dos fatores era a grande quantidade de rotas de fuga, como o Anel Rodoviário e a Via Expressa.

Mas, de acordo com a tenente Débora, a atuação focalizada da PM na região pode ter levado os ladrões a mudar de área de atuação. "Lançamos a patrulha de policiamento bancário e houve redução dos crimes em torno de 45%. Agora, estamos usando essa estratégia nas demais regiões da cidade", disse a tenente.

De janeiro a novembro do ano passado, a PM registrou 922 crimes de saidinha de banco na capital, apenas dois a mais do registrado no mesmo período de 2009, que fechou o ano com 987 casos. Em 2010, o Centro teve 234 ocorrência e a Centro-Sul, 180. O mês de abriu bateu recorde, com 103 ocorrências.

Outro dado levantado pela PM é que os roubos geralmente acontecem entre as 16h e 17h, pois muita gente prefere sacar dinheiro no fim do expediente bancário. Em 2010, as vítimas declararam um prejuízo total de R$ 4,8 milhões, de janeiro a novembro. No mesmo período de 2009, foram R$ 5 milhões.

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