Brasil

Software auxilia no entendimento e aprendizado das questões ambientais

postado em 03/02/2011 08:42
A ciência busca compreender e quantificar os impactos do desequilíbrio ambiental na vida do homem e sua responsabilidade nesse processo desde que se começou a falar com mais responsabilidade em meio ambiente. Pesquisadores trabalham no desenvolvimento de sistemas supercomplexos a fim de antecipar desastres naturais e soluções viáveis para a preservação. Mas o que acontece ao se tentar traduzir essa realidade de forma dinâmica a crianças e jovens? Com esse objetivo, professores da Universidade de Brasília (UnB) e outras sete instituições da União Europeia desenvolveram o software DynaLearn de inteligência artificial (IA) para a educação ambiental. Hoje e amanhã, pesquisadores envolvidos no projeto, iniciado em 2009, promovem o Workshop DynaLearn, em que a nova ferramenta será apresentada a professores, acadêmicos e graduandos. O evento será realizado no auditório da Faculdade de Comunicação da UnB, a partir das 9h nos dois dias.

Voltado para professores e alunos do ensino médio, o programa simula causas e consequências de determinados eventos do meio ambiente, principalmente aqueles ligados a desmatamento, acúmulo de lixo, aumento da taxa de doenças virais, erosão, dentre outros. O objetivo é levar às salas de aula maior interatividade para o aprendizado de biologia, física, química, raciocínio lógico, atualidades, geografia e história.

A partir do programa, o aluno poderá analisar diversas variáveis ligadas às ações do homem e às ações naturais de impacto ambiental, das mais simples às mais complexas. ;O diferencial desse projeto é a simplicidade com que ele ensina o estudante. O próprio aluno poderá criar, à frente do computador, esses diagramas, chamados de modelos, e analisar cada ação e reação gerada a partir de uma alteração do ecossistema, natural ou causada pelo homem;, explica Paulo Salles, coordenador do projeto DynaLearn no Brasil e professor do Instituto de Ciências Biológicas da UnB.

Fátima Brandão, professora do Departamento de Ciência da Computação da UnB (CIC), ressalta a importância dessa nova ferramenta, criada com apoio de pesquisadores de Israel, Alemanha, Áustria, Holanda, Inglaterra, Bulgária e Espanha. ;A possibilidade de tornar cada vez mais acessível a professores e estudantes a discussão sobre o papel do homem na preservação de nossos ecossistemas é ótima, principalmente em tempos como os atuais. É papel da educação se preocupar com a formação desses jovens e essa proposta veio para agregar as pesquisas que já vem sendo feitas na área;, afirma.

Rafael Perciani, 22 anos, recém-formado pela UnB e pós-graduando na área de Inteligência Artificial, confirma a relevância do projeto para o meio acadêmico. ;É genial poder trabalhar em um projeto em que estudantes mais novos passam a conviver com softwares complexos como esse.;


SAIBA MAIS
Entenda o modelo

Ao contrário do que muitos imaginam, o objetivo da Inteligência Artificial (IA) não é reproduzir o modelo humano, mas implementar, nas máquinas, capacidade para a realização de tarefas que requerem algum tipo de inteligência e, dessa forma, estendê-la para além dos limites biológicos. O desenvolvimento da IA está voltado para a construção de agentes inteligentes, podendo se dividir em dois campos: de um lado, estão as máquinas, capazes de explorar aspectos da percepção, robôs cada vez mais elaborados no sentido tecnológico; do outro, os chamados sistemas especialistas, programas de computador que desempenham tarefas especializadas como realizar diagnósticos médicos, monitorar outros sistemas, controlar o funcionamento de algum sistema ; como o DynaLearn.

Esses programas têm a capacidade de pensar qualitativamente a respeito das propriedades físicas de determinado ambiente, por exemplo, não se limitando a dados matemáticos e buscando compreender o significado das informações que lhes são oferecidas. Esses modelos não substituem os dados matemáticos, mas permitem o melhor uso de informações incompletas e imprecisas que não se limitam aos números.

No âmbito da educação, a IA tem crescido de forma acelerada, segundo o pesquisador holandês Bert Bredeweg, um dos idealizadores do projeto DynaLearn. ;Estamos perto de ter ambientes de aprendizagem que poderão comunicar conhecimentos de diversas maneiras. John Self, um dos mais importantes pesquisadores das aplicações da IA na educação, usou o termo Gymnasium Cognitivo, um ambiente em que as pessoas poderiam treinar diversos aspectos da cognição, como fazem num ginásio de esportes;, afirma. Segundo o pesquisador, em um futuro pouco distante, programas de computador poderão oferecer aos estudantes o treino de analogias, inferências lógicas, representações espaciais, raciocínio matemático, dentre outros. (RP)

SERVIÇO
Demonstrações e palestras sobre o uso da inteligência artificial na educação, hoje e amanhã. Auditório da Faculdade de Comunicação da UnB, ICC Ala Norte. Das às 9h às 18h30, no dia 3, e das 9h às 17h30, no dia 4. Entrada gratuita. A programação completa está disponível no site www.correiobraziliense.com.br/euestudante.

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