postado em 23/02/2011 07:30
O debate em torno da proibição dos inibidores de apetite no Brasil, proposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na semana passada, ganhará ainda mais força hoje. Entidades ligadas a médicos e a farmacêuticos prometem, em audiência pública, pressionar a instituição reguladora para mudar de ideia. A Anvisa, por sua vez, insiste que defende a proibição dos emagrecedores baseada em estudos científicos que comprovam a ineficácia e os riscos de ingestão dessas substâncias. ;Não há estudos capazes de dizer que eles têm eficácia comprovada ao longo do uso. O risco é superado pela eficácia;, disse, na última segunda-feira, a chefe do Núcleo de Investigação em Vigilância Sanitária da Anvisa, Maria Eugênia Cury.Para o endocrinologista Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (Sbem), que representará a Associação Médica Brasileira (AMB) no debate, a abolição da venda desse tipo de medicação é uma medida equivocada, já que vários pacientes não conseguem perder peso sem a administração de remédios. Meirelles critica o uso indiscriminado de anorexígenos e destaca uma diretriz que deve ser seguida no momento em que o medicamento é receitado. ;Em primeiro lugar, é preciso afastar problemas cardiovasculares e psicológicos com a realização de uma série de exames e perguntas.;
O presidente da Sbem ressalta ainda que os remédios não constituem o tratamento para a obesidade. ;Emagrecer envolve uma mudança de hábitos de alimentação e atividade física. O medicamento entra como um coadjuvante que auxilia a perda de peso, o que para algumas pessoas é essencial no início do tratamento.;
Também irá em defesa da manutenção das substâncias a Associação Nacional das Farmácias Magistrais, representada por Maria do Carmo Garcêz. Segundo ela, a entidade é contra a proibição porque ela restringiria as alternativas tanto dos usuários quanto dos médicos. ;Defendemos a maior efetividade desses controles e não o banimento total. O que nos preocupa principalmente é a situação de deixar de ser drogas lícitas e passar para a clandestinidade;, afirma.
A favor
Além de Meirelles e Garcêz, estará na audiência a Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), representada pelo médico sanitarista José Rubens Alcântara. Ele não foi localizado pela reportagem do Correio, mas, em reunião na Anvisa em 9 de fevereiro, se mostrou radicalmente contra a administração de anorexígenos, segundo o endocrinologista Ricardo Meirelles, que também participou do encontro. A mesa da audiência será composta ainda por Ana Beatriz Vasconcelos, representante do Ministério da Saúde. O órgão afirmou que vai apenas acompanhar o debate, inicialmente sem um posicionamento definido.
Segundo Maria Eugênia Cury, da Anvisa, a audiência pública é mais uma etapa da análise das substâncias questionadas. Os argumentos apresentados hoje serão anexados a um relatório que passará por mais uma avaliação e, só então, a agência vai determinar o futuro dos anorexígenos. ;A decisão está em processo de análise conjunta com a sociedade;, afirmou.