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Ações audaciosas marcam os roubos a agências bancárias em pequenas cidades

Ações audaciosas marcam os roubos a agências bancárias em pequenas cidades. Quadrilhas não temem alvejar delegacias, usar moradores como escudo durante trocas de tiro e recorrer a viaturas para facilitar a fuga

Igor Silveira
postado em 27/02/2011 09:16
Rua de Cocalzinho, em Goiás: efetivo pequeno de policiais e poucos aparatos de segurança facilitam a ação das quadrilhas especializadasA ousadia das quadrilhas de assaltantes de banco que agem em cidades pequenas no interior do Brasil é diretamente proporcional ao desprezo desses criminosos pelo trabalho da polícia. Na última quarta-feira, bandidos invadiram Dois Irmãos, pequeno município de Tocantins que fica a 180 quilômetros de Palmas. Cinco homens armados atiraram contra o posto policial do lugar, que tem dois agentes, e fizeram 10 reféns enquanto levavam o dinheiro de uma agência dos Correios. Depois, demonstrando total despreocupação em chamar a atenção na fuga, fugiram em duas caminhonetes da Polícia Militar. Botijão de gás usado em assalto para explodir caixa eletrônicoNo momento do crime, o delegado Márcio Girotto, que substituía o delegado-geral da Polícia Civil do Tocantins, Reginaldo Menezes Brito, dava entrevista à reportagem do Correio. De acordo com ele, problemas na logística na segurança pública são empecilhos crônicos. %u201CCidades pequenas têm efetivos pequenos. Se o local é isolado, é ainda pior, porque há uma demora na chegada de reforço. Isso acontece aqui, no estado, em cidades como Dois Irmãos e Silvanópolis (que fica a 130 quilômetros de Palmas). Além disso, algumas agências bancárias têm uma segurança precária%u201D, opina Girotto. O Chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Tocantins, coronel Jefferson Fernandes Gadelha, também fala da necessidade de que a segurança seja uma das prioridades dos bancos. Mas ele reconhece que essas ações criminosas são parte de uma demanda nacional. O coronel esclarece que a Polícia Militar, que tem a missão de prevenir tais crimes, está montando, ainda para este ano, um grupo especial para coibir esse tipo de iniciativa dos bandidos. %u201CVamos trabalhar com policiais rodoviários e de fronteira. O ideal seria formar um cinturão de segurança, mas o estado tem dificuldades com recursos%u201D, avisa coronel Gadelha. %u201CEstamos remanejando efetivo justamente para a prevenção. Este ano, foram mais de 300 transferências para tentar melhorar a estratégia, mas, historicamente, esses assaltos são um assunto muito complicado%u201D, completa. Medidas tomadas A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), por meio da assessoria de imprensa, declara que os bancos brasileiros têm investido em mecanismos de segurança para evitar a ação de bandidos. Ainda segundo a Febraban, foram gastos, em 2010, cerca de R$ 8 bilhões nessa área. %u201COs ataques ocorridos em alguns estados, no entanto, usaram força desproporcional, com armamentos pesados, de elevado poder de destruição, inclusive com uso de explosivos e quadrilhas numerosas. Essa é uma questão de segurança pública. Os estados já estão desenvolvendo ações de inteligência para desarticular as quadrilhas, com a adoção de medidas adequadas para combater esse tipo de delito, e que levem à prisão dos bandidos%u201D, registra uma nota da instituição. Em um assalto em 10 de novembro do ano passado em Cocalzinho (GO), os bandidos usaram um cilindro de gás para arrombar os caixas eletrônicos. O Banco do Brasil também se pronunciou sobre o assunto por meio de nota. Segundo o documento, a instituição atende as exigências legais de equipamentos e procedimentos de segurança para agências bancárias, previstas em uma portaria da Polícia Federal, que disciplina as atividades de segurança privada. %u201CO Banco do Brasil tem investido constantemente em dispositivos, visando impedir os arrombamentos de terminais. Esses investimentos estão relacionados ao reforço das chapas metálicas das máquinas, do sistemas de alarme e do monitoramento das salas de autoatendimento. Para impedir as investidas criminosas, faz-se necessário investimentos no aparato de Segurança Pública, especialmente em cidades de pequeno porte, localizadas no interior dos Estados%u201D, diz a nota. O Ministério da Justiça foi procurado pela reportagem para falar sobre o assunto, mas, até o fechamento desta edição, não havia se pronunciado.

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