Estado de Minas
postado em 12/03/2011 11:18
Depois de um abalo sísmico de 3,2 graus na Escala Richter no último sábado (5/3), que obrigou parte da população a sair para as ruas, moradores temem novos tremores de terra, o que não é descartado pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), devido ao ;histórico de sismicidade; da região. Esse foi o sexto e o maior abalo na cidade nos últimos 15 meses.O observatório da UnB confirmou que o tremor de terra sentido em Montes Claros ocorreu às 20h29 de sábado. Não houve registro de vítimas ou danos materiais em casas e prédios, mas os moradores se assustaram ao ouvir um estrondo, antes de a terra tremer. Muita gente saiu de casa com medo de desabamentos. O fenômeno foi o principal assunto no domingo em toda a cidade.
O chefe do Observatório Sismológico da UnB, Lucas Vieira Barros, lembra que já foram registrados outros tremores na cidade, o que indica a existência na região de uma fenda geológica, ou seja, uma ;fonte sismogênica; causadora dos abalos. Barros salienta que será necessária a instalação de uma estação sismográfica em Montes Claros, para estudar detalhadamente a extensão da fenda geológica e a possibilidade de outros abalos.
Nos últimos 15 meses, foram registrados cinco tremores na cidade, dois deles em 16 de setembro (de 2,7 e 2,3 de magnitude). Os outros três ocorreram em 15 de dezembro de 2009 (2,3 graus), 29 de dezembro de 2009 (2,1 graus) e 8 de janeiro de 2010 (1,8 grau). ;Há necessidade da instalação da estação da sismográfica na região de Montes Claros, com o objetivo de registrar os microtremores que são percebidos pela população.
Prevenção
O mapeamento dos abalos vai determinar as dimensões físicas da falha geológica. ;A partir do momento em que for conhecida a extensão da falha, será possível levantar a magnitude máxima de outros tremores que poderão ocorrer na cidade e recomendar as medidas preventivas, como construções mais resistentes;, relata Barros, que também admitiu a possibilidade de a intensidade dos sismos aumentar ao longo do tempo, ;embora pouco provável;.
O especialista ressalta que não é possível para a ciência prever os terremotos, nem quando eles deverão ocorrer. ;Infelizmente, mesmo que fossem previsíveis, os tremores seriam inevitáveis. O que temos de fazer é levantar as características das fontes sismogênicas. E, no caso de Montes Claros, existe uma fonte sismogênica;, ressalta o chefe do Observatório Sismológico da UnB.
Ele lembra que não é possível prever data ou hora de um tremor porque se trata de um fenômeno natural relacionado com acomodações no subsolo e com a própria energia da Terra. ;Os sismos ocorrem quando a Terra libera energia acumulada ao longo de muitos anos. Muitas vezes, depois de um sismo inicia-se um novo ciclo de acúmulo de energia;, explica o professor Lucas Vieira Barros.
Fim dos tempos
Ainda conforme o chefe do Observatório da UnB, o tremor de 3,2 graus não teve piores consequências porque um sismo dessa magnitude não seria capaz de produzir danos. Porém, o fenômeno provocou muito susto entre os moradores nas diversas partes da cidade. Foi o caso da dona de casa Antônia Fernandes Farias, moradora do Bairro Carmelo. ;Estava assistindo à televisão e, de repente, vi o sofá balançar. Todo mundo saiu para a rua. Foi rápido, mas fiquei muita assustada;, conta Antônia.
O fenômeno também assustou as vizinhas Maria Zileide Ferreira e Donatélia Ferreira Gomes, que moram no Bairro Monte Carmelo. ;Estava na porta da rua quando vi as janelas serem sacudidas;, conta Maria Zileide. Já Donatélia relata que estava no segundo pavimento da casa quando sentiu a terra tremer. Domingo à tarde, as duas amigas conversavam sobre o assunto, sentadas no passeio.
Mas, a preocupação delas era em relação às causas do abalo. ;Ouvi dizer hoje na padaria que o tremor de terra é o sinal do fim dos tempos, escrito na Biblia. Acho que pode ter mesmo, pois estamos vivendo um mundo de muita violência e de falta de respeito às famílias;, disse Maria Zileide. Já o técnico em meio ambiente José Ponciano Neto acredita que o que vem provocando os abalos no Norte de Minas é ;a depressurização do subsolo; devido à abertura descontrolada de poços tubulares na região.