Rio de Janeiro ; As cooperativas de catadores de material reciclável de Duque de Caxias, na Baixa Fluminense, poderão ter seus projetos de renda financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Essa possibilidade foi sinalizada nesta segunda-feira (14) pelo gerente do Departamento de Economia Solidária da instituição, Eduardo Lins de Carvalho, durante reunião para discutir o futuro dos catadores do lixão de Jardim Gramacho, que encerra as atividades no fim do ano.
Para os projetos, segundo Carvalho, o BNDES poderá oferecer empréstimos não reembolsáveis para construção de galpões, compra de equipamentos e caminhões. "Esse contrato precisa ser feito com a prefeitura e deve assegurar uma renda mínima para o catadores", afirmou.
A ideia é desenvolver uma iniciativa semelhante a aprovada para a capital fluminense, na qual o banco financiará R$ 22 milhões para a construções de seis estações para beneficiamento de produtos recicláveis.
Para Duque de Caxias, o valor do financiamento será definido com base na quantidade de lixo gerada na cidade, mas o montante pode chegar a R$ 5 milhões. "Esse número não assusta o BNDES", disse Carvalho, lembrando que a cidade do Rio tem 6 milhões de habitantes e Caxias, 800 mil.
Durante a reunião, a Caixa Econômica Federal também anunciou a possibilidade de investir R$ 2,8 milhões em projetos para os catadores, desde que o dinheiro não seja aplicado em infraestrutura, mas em qualificação profissional e na implantação de um modelo de negócio.
Os secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, lembrou que disponibilizará para os catadores R$ 1,5 milhão do Fundo de Valorização de Catadores, que é pago pela empresa que explora o gás metano produzido no aterro. "Estamos acelerando a implantação desse fundo", disse.
O representante da Cooperativa de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, Sebastião Santos, gostou das propostas discutidas na reunião e que elas atendem o plano de negócios elaborado pelas cooperativas do aterro e favorecem a rede estadual de catadores na reunião, mas espera que elas siam do papel. "De acordo com o que discutimos entre nós, as propostas são satisfatória. O problema é quando isso será colocado em prática. Com o fechamento de Gramacho, temos quase sete mil pessoas nessa cadeia [famílias de catadores] e essas medidas são necessárias para ontem", reivindicou.
Tema do documentário Lixo Extraordinário, que concorreu ao Oscar (prêmio máximo do cinema norte-americano) deste ano, o lixão de Gramacho, será fechado aos poucos. Como parte do processo, até o fim de março parte do lixo jogado no lixão será levado para uma central de tratamento, em Seropédica, também na Baixada Fluminense.