Brasil

Airbus é a primeira indiciada pelo acidente do voo Rio-Paris

Agência France-Presse
postado em 17/03/2011 17:23
PARIS - A construtora aeronáutica europeia Airbus foi nesta quinta-feira (17) a primeira a ser indiciada por "homicídios culposos" na investigação sobre o acidente ocorrido em junho de 2009 com o voo Rio-Paris que causou a morte de 228 pessoas, antes de um provável processo contra a Air France.

O presidente da Airbus, o alemão Thomas Enders, foi nesta quinta ao gabinete da juíza francesa encarregada da investigação, Sylvie Zimmerman, para ser notificado da acusação contra a companhia como pessoa jurídica. "Desaprovamos firmemente a decisão, que consideramos prematura", disse Enders após a convocação. "Continuaremos, apesar disso, a cooperar com a investigação e com a próxima fase de buscas das caixas-pretas", assegurou.

[SAIBAMAIS]Nenhuma acusação havia sido pronunciada na investigação do acidente com o Airbus A330 que caiu no dia 1; de junho de 2009 no Oceano Atlântico, próximo à costa brasileira.

Zimmerman também convocou para sexta-feira a Air France, ao que tudo indica, para um indiciamento pela mesma acusação: "homicídios culposos".

Até o momento, apenas 3% do avião e 50 corpos foram resgatados nos dias que se seguiram à catástrofe aérea. "Não sabemos sobre o que este indiciamento da Airbus está fundado. O juiz não indicou as acusações contra a Airbus, o que é lamentável", declarou o advogado da Airbus, Simon Ndiaye.

"Este indiciamento é o precipitado porque hoje chega ao meu conhecimento. Ele não é justificado por nenhum fato preciso. Acho que teria sido mais judicioso continuar a investigação, recolher elementos e, depois, em função do que for descoberto, tomar uma decisão", acrescentou. "É uma nova fase contraditória que se abre com este indiciamento", declarou à AFP um dos dirigentes da associação das vítimas Ajuda Mútua e Solidariedade AF447, Jean-Baptiste Audousset.

Novas operações de busca no mar dos destroços do Airbus devem ser iniciadas nos próximos dias em uma nova zona de 10.000 km2. Será a quarta fase de busca da aeronave acidentada e por suas caixas-pretas, que poderá durar até julho. Essa etapa será dividida em três fases de 36 dias cada uma.

No atual estágio das buscas e com os dados técnicos obtidos, o Bureau de Investigações e Análises (BEA), encarregado das análises técnicas, considera que a falha das sondas de velocidade Pitot é um dos elementos que explicam o acidente, mas não pode ser por si só a causa da catástrofe.

Os especialistas consideram particularmente "tardia demais e ineficaz" a reação da Air France aos primeiros alertas sobre a confiabilidade das sondas Pitot, que servem para medir a velocidade do avião.

A Agência Europeia de Segurança Aérea (AESA) também se disse preparada para prestar esclarecimentos neste caso. As partes civis queixam-se de que a agência não soou o alarme sobre o gelo encontrado nas sondas Pitot em outros voos antes da catástrofe e de querer impor a sua imunidade europeia.

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