Thobias Almeida
postado em 23/03/2011 10:58
O estudante de medicina Vítor Guilherme Carvalho Ribeiro, de 22 anos, se apresentou ontem à tarde à Polícia Civil e confessou ter esfaqueado a colega de sala Maria Luiza Costa Pinto, de 21 anos. No depoimento, na 2; Delegacia Distrital Sul, Vítor admitiu que o motivo para a tentativa de homicídio foi passional. Os dois nunca mantiveram um relacionamento, e o acusado se sentia rejeitado. O agressor, que fugiu na noite de sábado, depois de atacar Maria Luiza na garagem da casa dela, no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste da capital, chegou à delegacia acompanhado de dois advogados, um deles seu tio. Demonstrando calma, o universitário não escondeu o rosto e não deu qualquer declaração. Ele foi ouvido e liberado na noite de terça-feira.;No depoimento, ele admitiu que deu as facadas e explicou que fez isso por amor;, revela o tio e advogado do estudante, José Rattes de Carvalho. Segundo o advogado, o crime cometido pelo estudante causou um ;profundo abalo; na família, principalmente nos pais. Rattes acrescentou que os parentes tomaram conhecimento da ação por meio da imprensa. ;Ele é um rapaz exemplar, sempre dedicado aos estudos. Foi uma surpresa para todos;, salientou. Ainda segundo Rattes, Vítor teria passado por vários locais antes de viajar para a cidade natal, Abaeté, na Região Central do estado.
A delegada Daniele Aguiar Carvalho protocolou na tarde de ontem o pedido de prisão temporária do estudante. Porém, o requerimento não foi apreciado pela Justiça a tempo e Vítor foi liberado no início da noite. A própria delegada admitiu que, devido à não caracterização do flagrante, além de o autor não ter antecedentes, ele dificilmente responderá ao processo preso. Segundo informações preliminares da polícia, o acusado responderá por tentativa de homicídio contra Maria Luiza, com qualificadoras, e por lesão corporal contra o pai da vítima, Aílton Antônio Pinto, de 58 anos, que a salvou da morte.
De acordo com José Rattes, ele e o sobrinho seguiriam para o interior do estado na noite de ontem. ;Lá, ele poderá refletir e se sentirá menos intimidado. Para ele, a ficha ainda não caiu;, afirma, sem revelar o destino preciso de ambos.
Recuperação
De acordo com Aílton Pinto, ele foi procurado na tarde ontem no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII por um irmão e uma irmã do agressor. ;Eles pediram perdão pelo que o Vítor fez e se colocaram à disposição para o que for preciso;, conta. O desejo do pai, a partir de agora, é que o agressor fique longe de Maria Luiza. ;Queremos apenas que a Justiça seja cumprida;, afirmou. Aílton ressaltou que a filha deixou o Centro de Terapia Intensiva (CTI) e que reage bem. Ontem ela já andava e comia normalmente. ;A recuperação dela está ótima;, comemora o pai. A jovem passou por um cirurgia para retirada da vesícula e reparação dos pulmões, rins e fígado.
Maria Luiza Costa Pinto, aluna do 6; período de medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), virou alvo da fúria de ciúmes depois que Vítor, colega de sala da vítima, a avistou na companhia de um amigo em uma festa na faculdade. O pai da estudante contou que ela já havia reclamado das abordagens do estudante. Dirigindo um Uno prata, o acusado seguiu sozinho para a rua onde mora a colega e a aguardou por cerca de 40 minutos.
A estudante chegou acompanhada do pai, que foi buscá-la na festa. Guilherme aproveitou a abertura do portão da garagem para entrar no prédio e esfaquear a jovem, que esperava o pai manobrar o carro. Ela foi atingida no pulso, tórax, nas costas e na cabeça, levando ao todo cerca de 11 facadas. Ao ouvir os gritos da filha, Aílton correu em direção a Vítor, e eles então começaram a brigar. O pai foi derrubado e atingido por chutes no peito e na mão. O suspeito fugiu de carro.