postado em 30/03/2011 19:15
Rio de Janeiro - O presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Átila Nunes (PSL/RJ), levantou hoje (30) alguns questionamentos em relação às usinas nucleares, tendo em vista o acidente no Japão, no último dia 11. Avaliou que a BR-101, conhecida como Rodovia Rio-Santos, não oferece nenhuma condição para que a população seja evacuada em caso de acidente.Angra dos Reis também enfrentaria problemas para alojar moradores retirados das residências, pois os possíveis abrigos (escolas públicas, ginásios e o Colégio Naval de Angra dos Reis) ;não têm vedação [contra radiação];, afirmou ele à Agência Brasil. O deputado participou da audiência pública promovida pela Alerj sobre segurança nas usinas nucleares brasileiras.
O deputado também denunciou que não há treinamento para a população. O último ocorreu em 2009, com pouca participação popular. ;Você não tem abrigo, não tem rota de fuga;. Outra questão diz respeito ao depósito do lixo nuclear que, nas usinas de Angra dos Reis, fica estocado em tonéis lacrados dentro de um galpão, a poucos metros dos prédios dos reatores. "Em outros países, como a Alemanha, se guarda [o lixo atômico] em uma mina de sal, a 800 metros de profundidade;.
O assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, rebateu as questões apresentadas pelo deputado. Em relação aos abrigos, esclareceu que o importante é as pessoas ficarem em local fechado. ;Não existe um procedimento especial de vedação das portas e janelas;.
Disse ainda que os exercícios de retirada dos moradores são feitos todo ano. De dois em dois anos, envolvem a população da cidade, que participa do treinamento de forma voluntária. ;Nós fazemos a convocação dos voluntários, mas não existe nenhuma lei que obrigue as pessoas a participar;. A presença média em cada exercício varia entre 300 e 600 pessoas. ;É uma parcela pequena da população de 20 mil habitantes;, reconheceu.
Sobre o destino do lixo radioativo, a informação é que o processo está avançando. Segundo o assessor, até 2018 o Brasil deverá ter um depósito definitivo para os rejeitos nucleares, como já está previsto no projeto da Usina Angra 3, em construção. O repositório nacional de rejeitos radioativos também servirá às clínicas e hospitais que trabalham com equipamentos de medicina nuclear e aos centros de pesquisa.
Indagado sobre a necessidade de dispositivos de segurança relacionados a riscos de elevação do nível do mar, conforme cenários apresentados no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), Guimarães afirmou que Angra 1 e 2 estão na cota 5 (5 metros acima do nível do mar) enquanto Angra 3 está sendo construída na cota 6 (6 metros acima do nível do mar), superiores à cota das usinas japonesas atingidas pelo terremoto seguido de tsunami.