Brasil

Major Curió é preso com arma ilegal em Brasília

O ex-agente do SNI e oficial da reserva do Exército foi detido em uma de suas propriedades rurais na terça-feira. Mas foi liberado, depois de prestar depoimento, por um habeas corpus

postado em 31/03/2011 08:08
A Polícia Federal (PF) prendeu na terça-feira, em Brasília, o oficial da reserva Sebastião Curió Rodrigues Moura, mais conhecido como major Curió, sob a acusação de posse ilegal de arma de fogo. A PF não informou o local onde ele estava quando foi detido, mas confirmou ao Correio que a prisão ocorreu em um sítio de propriedade de Curió. Por ser militar, ele foi levado para o Batalhão de Polícia do Exército, mas acabou liberado no mesmo dia, após conseguir um habeas corpus.

Curió é apontado como um dos chefes da repressão à Guerrilha do Araguaia (1972-1975), que agiu durante a ditadura militar. Contra o oficial da reserva, pesam acusações de que teria ocultado corpos de militantes de esquerda contrários ao regime militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985.

Os agentes federais descobriram, na manhã de terça-feira, que Curió tinha uma arma de fogo sem documentação quando cumpriram um mandado de busca e apreensão, expedido pela 1; Vara da Justiça Federal a pedido do Ministério Público Federal (MPF), em duas residências do major Curió, ambas no Distrito Federal.

De acordo com o Ministério Público Federal, foram apreendidos um computador, diversos documentos e a arma de fogo. Todos os objetos passarão por perícia da Polícia Federal e posterior análise de procuradores. Segundo a procuradora da República Luciana Loureiro, ;as buscas e apreensões são uma tentativa de localizar documentos que possam revelar o paradeiro de corpos de militantes políticos que participaram da Guerrilha do Araguaia;.

Na terça-feira, o major Curió prestou depoimento à Justiça e ao MPF, por iniciativa própria, antes de ser encaminhado para a Superintendência da PF, onde foi lavrado um auto de prisão em flagrante por porte ilegal de arma.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2009, Curió admitiu que pelo menos 41 militantes de esquerda foram executados depois de serem rendidos pelo Exército. As mortes de guerrilheiros, em sua maioria do PC do B, ocorreram na região do Bico do Papagaio, localizado do Sul do Pará.

Ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), o major Curió chegou ao Pará na década de 1970. Há dois anos, Jarbas Silva Marques, militante que ficou preso durante 10 anos do governo militar, afirmou que os documentos que estão em posse de Curió devem desagradar a cúpula das Forças Armadas. ;Parece-me que Curió rompeu o pacto de silêncio mantido por seus colegas porque ele pode estar com medo de que lhe aconteça algo;, disse Marques, na ocasião.

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